15 curiosidades sobre o baiano Tom Zé

15 curiosidades sobre o baiano Tom Zé

Esta semana foi de comemorar, aniversário de um dos maiores, mais inventivos e criativos nomes da música popular brasileira de todos os tempos: o cantor e compositor baiano Tom Zé completou 86 anos neste 11 de outubro de 2022.

Nascido Antonio José Santana Martins, em Irará, interior da Bahia – a 120 quilômetros de Salvador – Tom Zé transformou para sempre a história da nossa música, quando surgiu no cenário nacional no início dos anos 60.

E para homenageá-lo no dia de hoje, nós preparamos 15 curiosidades sobre este patrimônio vivo da nossa cultura para!


Tom zé faz 86 anos em 2022 | Foto: Foto Murilo Alvesso/ Divulgação.


15 Curiosidades sobre Tom Zé

1 – A primeira música que Tom Zé aprendeu a tocar foi "Asa Branca", de Luiz Gonzaga

Tom Zé aprendeu a gostar de música ainda pequeno, ouvindo Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, samba-de-roda e os grandes cantores do rádio. A primeira música que aprendeu a tocar foi Asa Branca, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, na gaita. Aos 17 anos, descobriu o violão e sua vida mudou.


2 – O livro "Os Sertões", de Euclide da Cunha, ampliou sua visão sobre o Nordeste

Em seu site oficial, conta que, ainda na adolescência, descobriu o livro Os Sertões, de Euclides da Cunha, que lhe mostrou com uma amplitude nova o que era o seu Nordeste e o povo nordestino, algo que passou a permear muito o seu trabalho artístico.


3 – Passou em primeiro lugar no vestibular da Escola de Música da Universidade Federal da Bahia

Em 1961, mudou-se para Salvador para iniciar profissionalmente como músico. Tornou-se diretor de música do CPC (Centro Popular de Cultura), onde ficou até 1964. Aos 26 anos, em 1962, passou em primeiro lugar no vestibular da Escola de Música da Universidade Federal da Bahia e teve o privilégio de ser aluno da nata da vanguarda musical européia, como H. J. Koellreutter e Ernst Widmer. Na universidade, foi um dos membros fundadores do Grupo de Compositores da Bahia, de música erudita.


4 – Com Caetano, Gil, Gal e Bethânia participou do show "Nós, Por Exemplo"

Ainda em 1962, conheceu Caetano Veloso e, em 1964, participou do show Nós, Por Exemplo, junto com Caetano, Gilberto Gil, Gal Costa e Maria Bethânia. O espetáculo foi um marco e influenciou muito do que veio a ser produzido no eixo Rio-São Paulo em seguida. Com o sucesso das apresentações, os artistas foram convidados para criar outro show no Teatro de Arena de São Paulo, em 1965, intitulado Arena Canta Bahia.


5 – Tom Zé deu aulas para Moraes Moreira

Em 1967, depois de se formar, Tom Zé foi professor de Contraponto e Harmonia na própria Escola de Música, onde deu aulas para Moraes Moreira, e inclusive, apresentou-o a seu maior parceiro de composição, o poeta Luiz Galvão, também dos Novos Baianos.


6 – Venceu o 4º Festival de Música Popular Brasileira, em 1968

Só em 1968, mudou-se definitivamente para São Paulo e venceu o 4º Festival de Música Popular Brasileira com a canção São São Paulo Meu amor, ganhando ainda o prêmio de melhor letra com 2001, parceria com Rita Lee, que recebeu a interpretação dos Mutantes. Tom Zé é o compositor que – segundo o pesquisador Assis Ângelo – mais canções compôs para São Paulo, cidade onde vive há décadas.


7 – Tom Zé participou do Movimento Tropicalista

Nesta época, Tom Zé iniciou – junto com outros grandes nomes da música popular brasileira como Caetano, Gil, Gal, Torquato Neto, Rogério Duprat, Capinan e Os Mutantes – o Movimento Tropicalista: movimento de contracultura, que transcendeu tudo o que já havia em termos de produção artística no Brasil. Ainda em 1968, Tom lançou – ao lado de seus companheiros de Movimento Tropicalista – o álbum Tropicália ou Panis Et Circense. O baiano participou com a faixa Parque Industrial, uma crítica aos meios de comunicação de massa.


8 – Seu primeiro álbum solo se chama "Grande Liquidação"

Também em 68, Tom Zé lançou também seu primeiro disco solo, que levou seu nome e o subtítulo de Grande Liqüidação. As canções revelam o conteúdo de reflexão sobre a vida urbana e sobre a acelerada transformação de costumes na vida brasileira.


9 – Tom Zé tem parceria com Os Mutantes

Em 1970 e 1971, o seu segundo e terceiro disco trouxeram músicas importantes como: Qualquer Bobagem (parceria de Tom com os Mutantes Arnaldo Baptista, Rita Lee e Sérgio Dias) e a clássica Menina Amanhã de Manhã (O Sonho Voltou), parceria com Perna Fróes.


10 – "Procuro fazer a antimúsica"

O Tropicalismo permitiu que Tom Zé levasse para o movimento sua forma de compor, sua ruptura de padrões, que juntavam o folclore riquíssimo do sertão baiano, um certo primitivismo atemporal e uma elaboração extremamente avançada, à frente de seu tempo. "Procuro fazer a antimúsica, porque se é pra fazer o que já está feito?" diz o artista. Isso tornou sua produção difícil de classificar, de se encaixar aos rótulos, por propor problemas críticos e de conceituação.


11 – Tom Zé passou 17 anos fazendo shows em universidades pelo Brasil

Seu quarto disco, o experimental Todos os Olhos, de 1973, comprova essa dificuldade de classificação. Sem ter como enquadrar sua música, as emissoras de rádio se afastaram e levaram Tom Zé ao esquecimento por parte do grande público. Pelos próximos 17 anos, ele sobreviveu fazendo shows em universidades pelo Brasil.


12 – "Estudando o Samba" foi o 35º melhor disco brasileiro de todos os tempos

Em 1976, o baiano lança o inventivo disco Estudando o Samba. O álbum foi redistribuído no final da década de 1980 – quando Tom Zé se preparava para deixar a carreira musical, por dificuldade de sobrevivência – pelo ex-Talking Head, David Byrne, que teria sido "fisgado" pela capa inusitada ao entrar numa loja no Rio de Janeiro, em 1986, procurando discos e artistas para o seu próprio selo independente, que iria lançar em breve.


A capa do disco é quase inteiramente em branco, exceto pelo próprio nome da obra e do artista (bem menor) e por uma corda e um arame farpado que aparecem no rodapé. Tom Zé queria, com essas linhas, fazer uma referência à ditadura militar então vigente no Brasil, e também à maneira rígida como o samba era executado, com seu ritmo sempre ditado pelos diretores de escolas de samba.


O álbum foi relançado no mercado internacional pelo selo de Byrne em 1990, em uma compilação chamada The Best of Tom Zé – Massive Hits, e acabou sendo aclamado pela imprensa internacional, encantada com a inovação do músico, como os jornais norte-americano The New York Times e francês Le Monde; e a revista especializada norte-americana Rolling Stone, provocando uma reviravolta na carreira do baiano.


Depois, em 2007, Estudando o Samba foi eleito – em uma lista da versão brasileira da revista Rolling Stone – como o 35º melhor disco brasileiro de todos os tempos.


13 – Em 1992, Tom Zé fez shows em toda Europa

Em 1992, veio o segundo disco de Tom Zé na gravadora internacional e o artista fez shows em toda a Europa e Estados Unidos, onde colheu resenhas elogiosas. Mas, o reconhecimento no Brasil estava difícil e shows em grandes capitais do país ainda não aconteciam.


14 – "O Pai da Invenção"

Em seguida, Tom Zé começou os trabalhos para o lançamento do álbum Com Defeito de Fabricação, que foi eleito pela revista americana Rolling Stone como um dos melhores da década de 90, e pelo jornal The New York Times como um dos dez melhores álbuns do ano. Tom Zé passa a ser chamado, nos Estados Unidos, de "O Pai da Invenção".


No Brasil, o álbum foi lançado pela gravadora Trama, em 1998, e as portas para o cenário musical brasileiro seriam – finalmente e atrasadamente – reabertas para o baiano a partir deste trabalho.


15 – Em 2000, Tom Zé lançou um álbum com dois discos. Um deles servia para o próprio ouvinte remixar e criar suas próprias canções

Em 2000, Tom Zé lançou o álbum Jogos de Armar (Faça você Mesmo), que não é um CD duplo, mas que vem com dois discos: um contém as músicas gravadas pelo artista e o outro (chamado CD Auxiliar – Cartilha de Parceiros), contém as bases para que o ouvinte remixe e crie suas próprias canções.


Esse foi o primeiro lançamento do artista por uma gravadora brasileira – a Trama – depois de mais de 20 anos. Nele estão registrados, finalmente, seus instrumentos experimentais e ousadias formais que o colocam mais uma vez como desafio à criatividade musical de seu tempo (enceradeiras e cantos de lavadeiras nordestinas, expressões verbais contundentes e sonoridades remetendo à música medieval), e de uma vez por todas como um dos maiores e mais importantes nomes da música popular brasileira de todos os tempos.