Busca pelo Carnaval de Salvador podia ser triplicada sem alta de passagens aéreas, diz empresário

Busca pelo Carnaval de Salvador podia ser triplicada sem alta de passagens aéreas, diz empresário
A volta da folia momesca às ruas de Salvador em 2023 é um dos momentos mais esperados por foliões, comerciantes e empresários envolvidos na maior festa de rua do mundo. Mas a expectativa de que o entusiasmo para o retorno do Carnaval, depois de dois anos de pandemia, alavancasse as vendas de pacotes turísticos e batesse recordes foi frustrada.

Em entrevista ao Bahia Notícias, Luciano Lopes, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), comentou sobre as principais dificuldades durante o período de venda dos pacotes.

"A gente não tem muito espaço para redução de preço. O grande problema hoje que encarece o pacote turístico é o preço das passagens aéreas", lamenta Luciano.

Uma passagem de Belém para Salvador, por exemplo, pode custar de R$ 5.215 a R$ 7.990. E o preço não diminui tanto com a partida de mais algumas capitais do Brasil.

Nos bastidores, os empresários do setor veem o risco de cidades menos tradicionais, como São Paulo, levarem a melhor na disputa deste ano. Na última edição da folia de Momo, em 2020, o então governador de São Paulo João Doria defendeu o seu plano de fazer com que o estado tivesse o maior carnaval do Brasil (relembre aqui). E, com as altas das passagens, a capital paulista garante uma maior oferta de voos diretos e melhores preços das passagens aéreas. Veja exemplos de projeções de passagens partindo de São Paulo e de Salvador, para outras capitais do país:

Arte: Priscila Melo / Bahia Notícias

Luciano também conta que a ABIH Bahia, em parceria com a Azul Viagens, realizou trabalhos para trazer voos dedicados ao verão do estado, com o objetivo de ampliar as ofertas e reduzir o custo no pacote turístico.

Quanto às hospedagens, os níveis de ocupação se assemelham ao ano de 2019 - já que, no início de 2020, diversos países aderiram às restrições sanitárias impostas pela pandemia.

"Em relação ao ano de 2019, estamos muito próximos de ter ocupações similares aos dos períodos pré-pandemia, mas eu estimo que isso só deva acontecer agora no próximo verão. A gente acredita que vai fazer uma boa temporada, apesar de todas as dificuldades com os preços de pacotes aéreos".

Para André Magal, sócio do Grupo San Sebastian, um dos maiores grupos de produções de eventos com destaque na comunidade LGBTQIAP+, ligados aos blocos Blow-Out, O Vale, Crocodilo, Largadinho, Coruja e UAU, além das Micaretas da San, o aumento do preço das passagens aéreas prejudicou alguns eventos e pode continuar dando prejuízos futuros.

"Algumas pessoas [que compram os eventos] ficam esperando promoções, milhas e os preços não baixam de jeito nenhum", diz Magal.

O empresário ainda admite que existe uma tendência a investir em eventos fora da capital baiana, visando fugir da alta de preços.

"A gente enxerga uma migração de público para outros locais. São pessoas que gostam muito da nossa música e não acham nesses locais, mas começam a sinalizar uma migração por conta dos preços absurdos", analisa.

Apesar das altas na capital baiana, Salvador continua atrativa pela cultura e celebração única do Carnaval. Mas, de acordo com André Magal, essa procura pela folia soteropolitana poderia estar triplicada devido à demanda reprimida pelos dois anos sem a festa.

A possibilidade da Barra abrigar seu último Carnaval em 2023, após as discussões sobre a mudança de circuito (lembre aqui), também poderia ser um fator de aumento da procura pela festa, mas não é.

"Poderia ser um Carnaval histórico pela possível mudança e pelos dois anos sem ter. O desejo é muito grande, mas as pessoas não estão vindo por causa da dificuldade com os preços", conta Magal.

O empresário ainda ressalta que os preços oferecidos pelos blocos Blow-Out e Vale vão ser pouco alterados, justamente para compensar a alta do valor de passagem e hospedagem.

"Com os nossos artistas, com quem temos o poder de conversar e mostrar esse números, conseguimos ajustar bem pouco. Preferimos manter preços de dois anos atrás para não dificultar a vinda dessa galera para Salvador".