Vocalista do bloco Mulheres de Chico, Monalise pede passagem com álbum 'Bom motivo'

Vocalista do bloco Mulheres de Chico, Monalise pede passagem com álbum 'Bom motivo'
Cantora e compositora carioca lança disco coeso, valorizado pelo repertório poético e pelo ótimo acabamento instrumental. Capa do álbum 'Bom motivo', de Monalise

Babi Furtado

Resenha de álbum

Título: Bom motivo

Artista: Monalise

Edição: Edição da artista com distribuição via Tratore

Cotação: * * * *

? Vocalista há nove anos do bloco Mulheres de Chico, a cantora e compositora carioca Monalise faz o próprio Carnaval em 2022. Aos 33 anos, a artista lança o primeiro álbum, Bom motivo, neste sábado, 15 de janeiro.

Antecedido pelos singles que apresentaram as músicas autorais A ideia que não tá na sua cabeça (Monalise, 2021) e Estranho (Monalise e Adriano Brandini, 2022), o álbum Bom motivo alinha onze músicas gravadas por Monalise sob a direção musical de Carlos Chaves, violonista do quarteto Maogani e cavaquinhista do Monobloco.

Chaves é também o parceiro de João Biano no xote Antes de te dar o meu coração, gravado por Monalise em maroto dueto com Biano.

Artista que lapidou o canto no circuito noturno de bares e casas da cidade natal do Rio de Janeiro (RJ), Monalise escapa da armadilha de fazer covers hits alheios de compositores conhecidos, apresentando no álbum um repertório inédito de ótimo nível, sem grifes, que destaca músicas como o samba-título Bom motivo (Edson Monteiro) e as canções Olhos de um menino (Kildere Barros) e O Zé e a Flor (Alexandre Lemos).

A propósito, O Zé e a Flor desabrocha no disco como libelo contra a homofobia que cava abismos sociais com “a pá da ignorância e a enxada do fanatismo”. Alexandre Lemos aborda o tema com poesia sem deixar de dar o recado incisivo em favor da liberdade de amar.

E por falar em poesia em letra de música, Abel Silva é o autor dos versos de Quando alguém amar demais, música assinada em parceria com Miltinho, criador da melodia. O toque do bandolim de Luís Barcelos sublinha o lirismo da faixa.

Ainda na seara dos grandes poetas da música brasileira, a canção A mulher e o mar é banhada pelo lirismo dos versos de Paulo César Pinheiro, parceiro de Jota Maranhão nessa música que abarca a percussão afro-brasileira na bela gravação de Monalise.

Antes de fechar (bem) o disco com a canção Que mal haverá (Sergio Coelho e Guilherme Coelho), Monalise cai no samba Piedade, da lavra de Romulo Ferreira.

Disco valorizado pelo coeso repertório e pelo excelente acabamento instrumental, dado por músicos do porte do baixista Jorge Helder e do multi-instrumentista Dirceu Leite, Bom motivo abre alas e pede (merecida) passagem para o canto afinado e engajado de Monalise.

Monalise dá voz afinada a sambas, xote e canções no álbum 'Bom motivo'

Babi Furtado / Divulgação