Tribunal da Califórnia ordena publicação de documentos do julgamento de estupro contra Roman Polanski

Tribunal da Califórnia ordena publicação de documentos do julgamento de estupro contra Roman Polanski
Cineasta foragido desde que foi considerado culpado em 1977 afirma que documentos provam falhas no processo. Roman Polanski em foto de maio de 2017, no Festival de Cinema de Cannes

Valery Hache/AFP

Um tribunal da Califórnia ordenou tornar públicos os documentos do julgamento de estupro contra Roman Polanski. De acordo com o cineasta foragido, eles provariam falhas em seu processo judicial.

Polanski foi considerado culpado em 1977 de ter drogado, embebedado e violentado Samantha Gailey, que tinha 13 anos na época.

A promotoria de Los Angeles informou em um comunicado que serão publicadas as transcrições do ex-procurador-geral Roger Gunson, que ficou a cargo do caso originalmente.

Desconhece-se quando os documentos serão publicados, informou a Promotoria, que comemorou o anúncio, feito dois dias depois da retirada da objeção a este pedido.

"Estamos satisfeitos de que o tribunal de apelações esteja de acordo com a vítima e com nosso gabinete a respeito da necessidade de transparência", declarou em um comunicado o procurador-geral de Los Angeles, George Gascon.

O julgamento

Polanski foi solto da prisão, após pagar uma fiança de U$ 2.500. Condenado por estupro no dia 24 de março, declara-se inocente.

No início de agosto, para evitar um julgamento público, reconheceu ter tido relações ilegais com uma menor e, em troca, o juiz abandonou a acusação de estupro com fornecimento e consumo de drogas. Um acordo judicial foi alcançado com o consentimento da família.

Polanksi foi condenado a 90 dias de prisão. Uma perícia psiquiátrica concluiu que não existe perigo. Após 42 dias, ele é liberado por comportamento exemplar.

Às vésperas da audiência para homologar o acordo, o juiz mudou de ideia, porém, considerando que a sentença era insuficiente. Em 31 de janeiro de 1978, Polanski partiu com destino a Paris, e a Justiça americana lançou uma ordem de captura internacional.

O famoso diretor nunca voltou aos Estados Unidos desde então.

Polanski pediu a revelação das transcrições "há vários anos" para investigar "uma suposta má conduta judicial", segundo a promotoria de Los Angeles.

No entanto, a revista "Hollywood Reporter" afirma que esta nova solicitação não veio de Polanski, mas de dois jornalistas.

Gailey perdoou publicamente o diretor em 1997, e disse que o tratamento que ele recebeu da imprensa e do sistema judicial foi pior que o próprio crime.

Ela também pediu que as transcrições sejam tornadas públicas.

"A vítima foi notificada da decisão da corte e está muito agradecida de ver que concordaram com nossa posição, assim como do apoio do gabinete do procurador-geral", disse o promotor, segundo quem Polanski deve se submeter à justiça nos Estados Unidos.

O diretor de sucessos como "O bebê de Rosemary" (1968) nega as acusações, que prescreveram devido ao tempo transcorrido.

Polanski, de 88 anos, foi acusado por outras mulheres de tê-las agredido sexualmente.