YouTube remove canais de R. Kelly após cantor ser condenado por tráfico sexual de mulheres e menores de idade

YouTube remove canais de R. Kelly após cantor ser condenado por tráfico sexual de mulheres e menores de idade
Segundo agência Bloomberg, plataforma confirmou que contas foram removidas 'de acordo com nossas diretrizes de responsabilidade'. Cantor era acusado de comandar um esquema ilegal envolvendo empresários, seguranças e outras pessoas. R. Kelly chega em audiência para responder sobre acusações de abuso sexual em Chicago, em maio de 2019

Nuccio Dinuzzo/Getty Images North America/AFP

O YouTube removeu dois canais de R. Kelly de sua plataforma após o cantor ser condenado por tráfico sexual de mulheres e menores de idade.

Segundo a agência Bloomberg, um porta-voz da empresa confirmou que as contas foram removidas "de acordo com as diretrizes de responsabilidade".

Ao tentar acessar as páginas do cantor na plataforma, é exibida uma mensagem informando que "a conta foi encerrada por uma violação dos Termos de Serviço do YouTube."

Ainda segundo a agência, Nicole Alston, vice-presidente do departamento jurídico do YouTube, informou que "as ações cometidas por R. Kelly garantem penalidades além das medidas de execução padrão da plataforma devido ao potencial de causar danos. Por fim, estamos tomando essa atitude para proteger nossos usuários".

Ela ainda informou que o cantor não poderá mais usar, possuir ou criar canais no YouTube.

Apesar da remoção dos canais de vídeo, o catálogo de músicas do cantor segue sendo oferecido no serviço de streaming do YouTube.

Relembre o caso

Em 27 de setembro, R. Kelly foi considerado culpado pelo crime de tráfico sexual de mulheres e de menores de idade em um julgamento em um tribunal federal de Nova York, nos Estados Unidos.

De acordo com o jornal "New York Times", o cantor ficou sentado sem reação no tribunal após receber o veredito dado pelo júri, que o considerou culpado em de atividade criminal organizada e oito acusações de tráfico sexual.

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Com o veredito, Kelly, de 54 anos, é considerado culpado de ser o líder de um esquema ilegal de décadas que recrutava mulheres e menores de idade para atividades sexuais.

O cantor, que já foi um dos mais populares da música nos Estados Unidos, pode enfrentar décadas na prisão. Sua audiência de sentença está marcada para 4 de maio de 2022.

Kelly ainda pode receber mais décadas à sua sentença, caso seja condenado por outras acusações em Chicago.

Ele já tinha evitado uma condenação em 2008, quando foi considerado inocente de 14 crimes em julgamento sobre pornografia infantil.

Nascido Robert Sylvester Kelly, o cantor enfrentava uma acusação de crime organizado e oito violações da Lei Mann, que proíbe o transporte de pessoas através dos limites estaduais para fazer sexo. Ele negava todas as acusações.

Procuradores federais acusavam o cantor de comandar um séquito de empresários, seguranças e outros que recrutavam mulheres e meninas para ele fazer sexo e abusar, além de produzir pornografia, inclusive infantil.

Entre as acusações pela qual foi condenado, estavam a de que Kelly subornou um funcionário do governo que deu a permissão para que ele se casasse com a cantora Aaliyah (1979-2001) em 1994, quando ela tinha apenas 15 anos.

Ilustração mostra R. Kelly sentado, enquanto presidente dos jurados lê o veredito de culpado em julgamento nos EUA em 2021

Jane Rosenberg/Reuters

O julgamento

Ao longo das cerca de seis semanas de julgamento, promotores descreveram com detalhes uma organização de tortura e abuso, com provas dos últimos anos e de casos de até 1991.

A acusação chamou quase 50 pessoas, que testemunharam que a faceta pública do cantor escondia um predador calculista e controlador. Entre as testemunhas estavam nove mulheres e dois homens que acusaram Kelly de abuso ou outro tipo de má conduta e oito funcionários do cantor.

Já a defesa se concentrou em pequenas mudanças de relatos entre as testemunhas, tentando convencer os jurados de que todas as atividades sexuais entre ele e as vítimas tinham sido consensuais.