Taylor Swift e Beyoncé podem mudar o rumo das eleições americanas?

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Taylor Swift e Beyoncé podem mudar o rumo das eleições americanas?
Após apoio aos democratas em 2020, cantoras são alvo de expectativa e teorias da conspiração no debate político dos EUA. Socióloga explica qual o papel dos famosos na corrida eleitoral americana em 2024. Taylor Swift comemora vitória do Kansas City sobre o Baltimore Ravens no Super Bowl.

Julio Cortez/Associated Press

Após a última eleição presidencial nos EUA, os americanos estão de olho nas manifestações políticas de duas celebridades globais: Taylor Swift e Beyoncé. Após apoio aos democratas na reta final da corrida de 2020, a expectativa é alta para que as cantoras declarem abertamente o voto para presidência mais uma vez em 2024.

Qual, no entanto, é o efeito prático do apoio de celebridades e artistas a candidatos? E que papel desempenham as celebridades no sistema político?

O podcast "Matter of Opinion", do jornal americano "The New York Times", debateu a linha existente entre o mundo das celebridades e da política, algo que Taylor Swift, Beyoncé e Trump entendem bem.

Enquanto uma parcela dos fãs chega a cobrar posicionamentos políticos de artistas, o apoio pode gerar mais impacto ao chamar a atenção sobre o assunto do que um resultado efetivo na hora da votação.

Em 2019, uma pesquisa da Hill-HarrisX mostrou que 65% dos americanos não levariam em conta a opinião de celebridades de Hollywood e da indústria do entretenimento no momento de votar.

Gráfico mostra a chance de votação em candidatos apoiados por celebridades no EUA

Gabriel Andrade/Globonews

Enquanto 24% disseram que é menos provável votar no candidato, apenas 11% afirmaram que levariam a declaração pública em consideração. Mesmo sendo segmentos diferentes da indústria, a pesquisa consegue refletir em números o impacto da manifestação pública de famosos na população.

A socióloga e colunista do "New York Times", Tressie McMillan, lembrou que, nas eleições americanas de 2020, tanto Taylor, quanto Beyoncé, se manifestaram publicamente apenas perto da votação – em outubro e novembro, respectivamente. McMlian aposta que, neste ano, se as cantoras fizeram novas declarações, elas devem ocorrer somente em outubro.

As duas artistas estão no centro das atenções com lançamentos de novos álbuns - que já quebram recordes -, além de turnês mundiais. A passagem das estrelas chega a movimentar o Produto Interno Bruto (PIB) de países, como foi o caso da Suécia.

"Se você é político agora, está sedento por ambas, certo? Você quer uma base de pessoas raivosas, dedicadas e emocionalmente motivadas. E é por isso que os políticos recorrem às celebridades durante os períodos eleitorais.", afirma a socióloga.

Público feminino

Para a socióloga, a base de fãs de Beyoncé e Taylor Swift é realmente significativa agora – e as artistas atraem mulheres.

Capa divulgada pela Parkwood/Columbia/Sony de 'Act ii: Cowboy Carter', de Beyoncé

Parkwood/Columbia/Sony via AP

A base de fãs de Beyoncé, forte e devota, é composta principalmente por mulheres negras e tem um grande alcance na comunidade queer. Já Taylor Swift é extremamente popular entre as fãs brancas, especialmente entre as 'millennials' e os 'xennials', um público mais velho que cresceu com a artista. McMillan diz:

"Se você é um político agora e está ciente do fato de que mulheres furiosas e assustadas estão mudando o rumo político, você pode estar pensando que Beyoncé e Taylor Swift são endossos de celebridades especialmente adequados."

A apresentadora do podcast destaca também que não há outros nomes tão grandes no momento quanto o das duas cantoras -- nem de homens.

Teoria da conspiração

No começo do ano, Taylor Swift e o atual namorado, Travis Kelce, viraram alvos de teorias da conspiração da direita americana.

Em fevereiro, cerca de um terço dos republicanos afirmavam acreditar que Taylor está envolvida em um esforço secreto do governo para ajudar Joe Biden a vencer a eleição presidencial de 2024. A pesquisa foi realizada pela Universidade de Monmouth (EUA).

A infundada teoria da conspiração, popularizada pouco antes do Super Bowl, alega que o relacionamento da cantora com o jogador do Kansas City Chiefs foi fabricado pelo governo americano como parte de um grande plano para movimentar a votação. O objetivo seria aproveitar a enorme atenção com a vitória dos Chiefs para Taylor demonstrar apoio ao democrata.

Taylor Swift durante show no Rio de Janeiro, em 2023

Stephanie Rodrigues/g1

Por semanas, Taylor Swift foi atacada por defensores dessa teoria, além de personalidades influentes com ideologias pró-Trump. Antes do jogo, o ex-presidente Donald Trump tentou pressionar a cantora, dizendo em redes sociais que ela seria "desleal" com ele caso Taylor optasse por endossar a candidatura de Biden.

"Eu gosto do namorado dela, Travis, mesmo que ele possa ser um liberal, e provavelmente não me suporta!", escreveu Trump.