Chico Kertész no Bargunça: Artista inteligente entende importância do empresário sem invejar

O documentário "Axé - Canto do Povo de um Lugar", que atualmente está disponível na Netflix, foi responsável por recontar em som e imagem o surgimento do maior ritmo baiano. Mas se por um lado mostrou a potência que os cantores da terra alcançaram no Brasil - e no mundo -, por outro também teve que retratar o momento da queda.

Entre as entrevistas concedidas para a produção, alguns artistas apontaram que parte do motivo para a crise foi a falta de união entre os artistas do gênero. Em entrevista ao Bargunça Podcast na última quarta-feira (9), o diretor do documentário, Chico Kertész, apontou um outro problema recorrente: a briga entre artistas e seus próprios empresários.

"Eu acho que tem uma hora que os artistas da Bahia viram maiores do que os seus blocos, que suas representações, que seu empresário. Tem sempre uma crise entre o artista e o empresário. Eu acho que o artista inteligente é o que tem um bom empresário, claro, mas que entende a importância dele sem invejar as coisas", avaliou Chico no papo com Wagner Miau e Thiago Mithra.

"O que acontece? O artista entra em um avião comercial e vai para Chorrochó, pega estrada de barro, pega avião pequeno, e acontece todo o problema de logística para fazer o show. E muitas vezes o empresário não precisa ir, porque trabalhou durante a semana, porque tá vendendo um show em outro lugar. E aí o artista pensa: 'poxa, eu tô aqui me lenhando e o empresário está lá ganhando 30% do que eu ganho'. E vai lá e derruba o cara", detalhou.

O empresário ainda deu sua opinião sobre os sites piratas, que não pagam pela reprodução das músicas. "Eu acho que isso tem que acabar, porque os artistas precisam receber, precisam sobreviver de reprodução musical".

O Bargunça Poscast desta quarta ainda trouxe um debate sobre as lives que tomaram as redes durante a pandemia, bastidores da produtora Macaco Gordo, e também muita história sobre fatos importantes da comunicação no estado. Assista: