Ex-diretor do HGRS nega que irregularidades em vínculos societários provocaram exoneração

Ex-diretor do HGRS nega que irregularidades em vínculos societários provocaram exoneração

O ex-diretor do Hospital Roberto Santos, José Admirço Lima Filho, em contato com o Bahia Notícias, negou que haja irregularidades no processo que culminou com sua exoneração. Notícias veiculada nesta quinta-feira (18) aponta que ele deixou o cargo por recomendação do Ministério Público da Bahia (MP-BA).

De acordo com o MP, o servidor era sócio-administrador das empresas Anestec, Starnest - Serviços Anestesiológicos, Supernest - Serviços Profissionais de Anestesia, além de ser sócio da Cooperativa dos Médicos Anestesiologistas da Bahia. Tais empresas detinham contratos com o Estado nos últimos anos enquanto o servidor ocupava o cargo de diretor do Hospital Roberto Santos (reveja). José Admirço afirmou ter recebido com "indignação" a notícia e alegou "perseguição" por meio de "manipulação de informações".

Em nota, o profissional disse ter "orgulho" de sua trajetória profissional e explicou os vínculos societários com as empresas, que, segundo ele, atende as exigências para que consiga exercer a profissional "de forma privada".

"Apesar de participar do quadro social dessas empresas, jamais prestei qualquer serviço para o Estado através delas, assim como jamais obtive qualquer vantagem financeira da prestação de serviços pelos demais sócios, uma vez que todo o resultado dessa prestação de serviços era repassado individualmente para os sócios responsáveis para a prestação do serviço. Limitei-me, sempre, a participar do quadro societário para fins de prestação de serviços na iniciativa privada, até porque nenhuma delas possuiu contrato com a rede própria ou com organizações sociais que prestam serviços à Secretaria da Saúde do Estado da Bahia", explica.

"Assim que assumi o cargo de diretor do HGRS, requeri, imediatamente, a minha saída da Anestec, Supernest e Starnest. Após a minha nomeação como diretor-geral do HGRS, a Coopanest não atuou na instituição. Tal cooperativa possui, inclusive, programa de compliance. Por fim, não possuo e jamais possui qualquer relação direta ou indireta com o Instituto 2 de Julho, seja como mero associado, seja ocupando qualquer cargo na sua estrutura administrativa. E, em detrimento de conhecer Hugo Eckener Dantas de Pereira Cardoso na vida privada, não tenho qualquer vínculo empresarial ou empregatício com ele" continua José Admirço.

VEJA NA ÍNTEGRA A NOTA ENVIADA PELO MÉDICO AO BN:

Na manhã desta quinta-feira, 18, recebi, com indignação, a notícia de que a minha exoneração do cargo de diretor-geral do Hospital Geral Roberto Santos (HGRS) teria se dado após pedido do Ministério Público da Bahia (MP-BA). É lastimável que, em meio a uma pandemia que já tirou a vida de 285 mil brasileiros, a prioridade ainda seja a de me perseguir, por meio de um dos métodos mais rechaçados atualmente, o da manipulação de informações. E, apesar de condenar a alimentação desse mecanismo e de, neste momento, estar com as energias direcionadas a contribuir com o país em que vivo, venho a público trazer a realidade dos fatos.

Quem me conhece de perto sabe o quanto me orgulho da minha trajetória profissional, pois, vindo de família sem grandes influências na sociedade, batalhei arduamente para chegar onde cheguei. Sou médico anestesiologista e tenho a honra de, desde os 25 anos de idade, atuar como servidor público federal efetivo. Passei no concurso da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e fui cedido ao Estado da Bahia desde 13 de março de 2004, inicialmente para exercer a função de plantonista, passando por coordenador do setor de anestesiologia e, em 7 de dezembro de 2016, diretor-geral do HGRS.

Simultaneamente ao exercício da minha atividade profissional como servidor público, sempre exerci a medicina de forma privada, atuando em clínicas e hospitais privados, seja através da Cooperativa dos Médicos Anestesiologistas da Bahia (Coopanest-BA) seja através de outras empresas, a exemplo da Anestec Ltda. - EPP, Supernest Ltda. - EPP, Starnest Ltda. EPP. Portanto, o meu cotidiano profissional de nada se diferenciava do cotidiano dos meus colegas médicos, afinal, na condição de servidor público, não há impedimento à participação no quadro societário de sociedades simples ou empresariais, desde que não figure como sócio administrador.

Aqui, cabe ressaltar que a Anastec, Supernest e Starnest - empresas que já foram extintas - eram sociedades formadas exclusivamente por médicos e que tinham como objetivo a contratação, faturamento e repasse dos honorários médicos relativos a serviços prestados pelos próprios médicos. Foram constituídas para atender o modelo de contratação de serviços médicos criado pelo Estado da Bahia que, à época, não contratava profissionais como pessoas físicas mas apenas através de credenciamento de pessoas jurídicas, obrigando, então, os profissionais a se reunirem em pessoas jurídicas.

Apesar de participar do quadro social dessas empresas, jamais prestei qualquer serviço para o Estado através delas, assim como jamais obtive qualquer vantagem financeira da prestação de serviços pelos demais sócios, uma vez que todo o resultado dessa prestação de serviços era repassado individualmente para os sócios responsáveis para a prestação do serviço. Limitei-me, sempre, a participar do quadro societário para fins de prestação de serviços na iniciativa privada, até porque nenhuma delas possuiu contrato com a rede própria ou com organizações sociais que prestam serviços à Secretaria da Saúde do Estado da Bahia.

Assim que assumi o cargo de diretor do HGRS, requeri, imediatamente, a minha saída da Anestec, Supernest e Starnest. Após a minha nomeação como diretor-geral do HGRS, a Coopanest não atuou na instituição. Tal cooperativa possui, inclusive, programa de compliance.

Por fim, não possuo e jamais possui qualquer relação direta ou indireta com o Instituto 2 de Julho, seja como mero associado, seja ocupando qualquer cargo na sua estrutura administrativa. E, em detrimento de conhecer Hugo Eckener Dantas de Pereira Cardoso na vida privada, não tenho qualquer vínculo empresarial ou empregatício com ele.

Nessa linha do tempo, há ainda três pontos a serem destacados. Durante os quatro anos e três meses em que fui diretor do Hospital Geral Roberto Santos, diversas foram as auditorias instauradas a fim de tentar me prejudicar, mas, após apurações, todas elas foram arquivadas.

No ano de 2019, a promotora de Justiça Rita Tourinho também decidiu pelo arquivamento do processo junto ao MP de solicitação da minha exoneração, por entender que não houve ação ilícita. Ainda assim, em janeiro deste ano, cansado das perseguições sofridas pela minha equipe e por mim, apresentei a minha carta de demissão ao governador da Bahia.

Já no processo assinado pela promotora de Justiça Mônica Barroso Costa, em fevereiro deste ano, não há determinação de exoneração. O que existe é a recomendação de que seja criado um grupo de trabalho, com prazo de 60 dias para concluir as investigações.

Está claro que o objetivo único de todas essas ações é o de me difamar. Mas, por prezar pela honestidade e transparência em minha trajetória, seguirei incansável na defesa da verdade.