Caso Marcelo Lima completa 17 anos e família cobra indenização por morte do jovem em festa

Passados quase 17 anos, a família de Marcelo Lima, jovem morto durante a Oktober Fest, em Feira de Santana, ainda está em busca de justiça.

Caso Marcelo Lima completa 17 anos e família cobra indenização por morte do jovem em festa
Passados quase 17 anos, a família de Marcelo Lima, jovem morto durante a Oktober Fest, em Feira de Santana, ainda está em busca de justiça. Os pais do rapaz, Antônio Rodrigues Lima Filho e Célia da Silva Lima, aguardam que a K2 Promoções e Eventos Ldta e a Bicho da Seda paguem a indenização determinada em sentença: R$ 272.500,00 para cada um.

No dia 8 de outubro de 2006, Marcelo Lima saiu de Salvador com destino a Feira de Santana para curtir a Oktober Fest, no Clube Campo Cajueiro. Acompanhado de amigos e da namorada, ele aproveitava o evento na área VIP até perceber que o seu amigo, Lucas Silva Ribeiro, tinha sido agredido e estava com a cabeça ensanguentada. Lima tentou prestar socorro ao colega, mas, como relatam os autos do processo, foi surpreendido com um soco no queixo que o derrubou. Já no chão, Marcelo Lima foi espancado com diversos chutes na cabeça. Ele sofreu traumatismo craniano.

De acordo com testemunhas, os seguranças da festa não prestaram socorro ao rapaz e não agiram para impedir a agressão.

Na época do ocorrido, Marcelo tinha 27 anos e estava concluindo a faculdade de Engenharia Civil na Universidade Católica de Salvador (Ucsal).

"É doloroso demais perder um filho, principalmente nessas circunstâncias. A minha família desestruturou-se. Tenho mais três filhos e todos não superaram isso. Perdemos a nossa alegria de viver. Marcelo foi uma bênção de Deus em nossas vidas", declara a mãe do rapaz.

O processo civil tramita na 4ª Vara de Feitos de Relação de Consumo Cível e Comerciais de Feira de Santana. Despacho assinado pelo juiz Adriano Vieira de Almeida, de agosto de 2019, estabeleceu o prazo de 15 dias para que as empresas efetuassem "espontaneamente o pagamento do crédito exigido a que se encontra obrigado por sentença, e expresso na planilha apresentada pela parte autora, sob pena de incidência de multa no percentual de 10% (dez por cento) sobre o montante e honorários advocatícios no valor de 10% (dez por cento)".

"O luto por um filho é muito mais intenso do que outras formas de luto. Isso só quem passa sabe, porque perder um filho é também perder as perspectivas de futuro: todos os sonhos e projetos. Além disso, os filhos são vistos como extensão de seus pais. É por isso que a morte de Marcelo parece que levou um pedaço de mim, surgindo um vazio de sua existência que nada supera. É muita dor e sentimento de impotência. A morte de Marcelo é uma dor que jamais será superada, inigualável, justamente porque inverte a lei natural da vida. Uma dor sem nome", desabafa dona Célia em carta enviada ao Bahia Notícias.

A irmã de Marcelo, Lorena Lima afirma que a família seguirá clamando por justiça, "não como reparação da perda sofrida, porque isso não tem preço, mas como solução por Justiça para que outras famílias não sofram como estamos sofrendo".

"Estamos buscando indenização no processo civil. Os responsáveis arcarão com suas responsabilidades e a sociedade verá que maus profissionais devem ser retirados de cena, para que outros não paguem com a vida. A vida de Marcelo não teremos de volta, mas [esta é] uma maneira para puni-los", completa Lorena.

DENÚNCIA

O promotor Cláudio Jenner de Moura Bezerra foi o responsável por apresentar a denúncia contra o advogado Deraldo de Oliveira Pereira Filho e Pedro Henrique Oliveira Ribeiro pela morte do jovem. O Ministério Público da Bahia (MP-BA) denunciou os dois por homicídio duplamente qualificado. No entanto, o advogado e o empresário não foram presos e responderam a todo o processo em liberdade.

O juiz Armando Duarte Mesquita Júnior foi quem decretou a sentença e ao absolver os acusados, avaliou que não existiam motivos para decretar a prisão. Na segunda instância, foi mantida a condenação por lesão corporal, com pena de quatro anos, mas em regime aberto - entendimento seguido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

"Um absurdo que indivíduos como esses possam ainda estar em liberdade, circulando livremente em todos os locais, como se a vida de um inocente não tivesse valor", protesta a mãe.

Ainda, segundo Lorena, a K2 não contribuiu "em momento nenhum" nas investigações sobre a morte de Marcelo Lima, "dificultando acesso a documentos, contratos e deturpando depoimentos nas fases de inquérito policial e processual".