Escolha do nome do aeroporto de Bom Jesus da Lapa não teria sido por influência política, garante Eduardo Salles

A aprovação do Projeto de Lei 24.

Escolha do nome do aeroporto de Bom Jesus da Lapa não teria sido por influência política, garante Eduardo Salles
A aprovação do Projeto de Lei 24.108/2021, de autoria do deputado estadual Eduardo Salles (PP), na última terça-feira (8), que autoriza o Governo do Estado a dar o nome de Eva Ribeiro ao aeroporto de Bom Jesus da Lapa trouxe, nos bastidores, questionamentos quanto a parcialidade da matéria, uma vez que a homenageada é mãe do deputado estadual Eures Ribeiro (PSD), ex-prefeito do município por dois mandatos consecutivos e também relator do projeto, que ainda não foi sancionado.

Parlamentares ouvidos pelo Bahia Notícias confidenciaram desconhecer a trajetória de dona Eva, entre eles, o correligionário de Eures Ribeiro e presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), deputado Adolfo Menezes (PSD). "Eu como presidente coloco os projetos para serem votados e cabe aos colegas, conscientemente, escolherem se votam favorável ou não. Então, eu tenho obrigação de todos os projetos que chegam na Casa colocar para votar. Na minha opinião pessoal, não conheço a mãe, conheço o deputado, que foi prefeito, fez um grande trabalho em Bom Jesus da Lapa", disse.

A reportagem contatou, diversas vezes, entre quarta-feira e ontem, o deputado Eures Ribeiro para saber se houve algum interesse pessoal no projeto, mas o telefone do parlamentar caía direto na caixa postal. Ele também não foi encontrado em plenário.

Autor do PL, Eduardo Salles, frisou que não houve nenhuma articulação do colega. "Foi zero de influência dele, ele não me pediu isso. Eures não me pediu em nenhum momento. Em nenhum momento ele sabia do projeto. Depois que eu fui dizer a ele: 'Rapaz, você não sabe, viu? Eu botei um projeto lá [na Assembleia Legislativa] e se Deus quiser vai ser aprovado, que é de sua mãe", contou.

Salles explicou que à época em que o projeto foi protocolado, Eures Ribeiro não era deputado estadual e, sim, presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB). "O projeto é de 2021. Ele não sabia que seria relator de jeito nenhum. Tanto que ele nem leu a justificativa do projeto porque ele relatou justamente aquilo que ele sentia. Eures não foi relator do projeto o tempo inteiro. Naquele momento, se achou que ele teria a emoção para passar sobre essa questão. Foi por isso que nós deputados pedimos que ele relatasse o projeto", salientou.

De acordo com o advogado em Direito Eleitoral, Neomar Filho, por mais que para o senso comum pareça existir interferência política não há "nenhuma ilegalidade na propositura e na tramitação do referido projeto de lei, uma vez que a Assembleia Legislativa tem competência e autonomia para tratar das matérias de interesse do Estado e há legitimidade dos seus atos, especialmente, pela atuação das comissões temáticas da Casa que avalizam os projetos de lei antes das votações".

QUEM FOI DONA EVA?

Morta em 2017 em decorrência de um câncer, dona Eva Ribeiro era uma das pessoas mais respeitadas do município do oeste baiano, conhecido por atrair todos os anos quase um milhão de romeiros e turistas que participam das romarias no Santuário do Bom Jesus da Lapa.

"Ela era tipo uma Irmã Dulce. Ela cuidava de todos os pobres, das pessoas que viviam na rua, ela foi reconhecida pela população a vida inteira, por pessoas de toda região. A Dulce dos Pobres fez um milagre. Ela não fez um milagre, mas fez o mesmo trabalho que a Santa Dulce fazia, só que lá em Bom Jesus da Lapa", reverenciou Eduardo Salles.

Ele também lembrou que quando ganhou a primeira eleição foi ao município pagar uma promessa. "Eu fiz a romaria descalço com ela do meu lado. A romaria descalço é muito difícil porque o chão é muito quente e tem muito caco de vidro. Então, esse projeto foi uma coroação, uma eternização por toda contribuição que dona Eva deu a Bom Jesus da Lapa", concluiu.