Esporte e estilo de vida: Circuito Baiano de Skate começa nesta sábado em Feira de Santana

Neste sábado e domingo (5 e 6 de agosto), acontece em Feira de Santana a 1ª etapa do Circuito Baiano de Skate de 2023, na Pista Pública de Skate do Parque da Cidade.

Esporte e estilo de vida: Circuito Baiano de Skate começa nesta sábado em Feira de Santana
Neste sábado e domingo (5 e 6 de agosto), acontece em Feira de Santana a 1ª etapa do Circuito Baiano de Skate de 2023, na Pista Pública de Skate do Parque da Cidade. Com disputa nas categorias Mirim (2 a 12 anos), Iniciante (13 a 16 anos), Amador (idade livre) e Master (a partir de 30 anos), o Circuito Baiano de Skate deste ano ainda terá mais duas etapas: a segunda, em Salvador, em outubro, e a terceira em Dias D'ávila, em setembro.

Na competição organizada pela Federação de Skate da Bahia (FESEB), a disputa será na modalidade Street (prática do esporte em obstáculos encontrados na cidade), e os atletas serão avaliados por uma equipe de juízes com notas de 0 a 100, de acordo com o uso na pista durante duas voltas de 45 segundos, onde se observa o grau de dificuldade das manobras executadas, velocidade, estilo, criatividade, entre outras aspectos. Das duas voltas, é considerada para o somatório a melhor nota do atleta.

Considerado esporte olímpico desde 2016 pelo COI (Comitê Olímpico Internacional), o skate fez a sua estreia nas Olimpíadas em 2021, nos Jogos de Tóquio, no Japão. Em conversa com o Bahia Notícias, Ernesto Belote, coordenador geral do Circuito Baiano, comentou sobre o aumento da popularidade do skate nos últimos anos.

"Tem sido muito bonito ver famílias inteiras levando as crianças nas pistas e nos eventos, além de pessoas de todas as idades. Há quem esteja retornando depois de anos afastados e outros iniciando a sua vida no stake", disse Ernesto.

Ernesto Belote é um dos organizadores do Circuito Baiano de Skate de 2023 | Foto: Acervo pessoal

O coordenador do circuito também falou sobre os encargos da Federação de Skate da Bahia, como representante dos skatistas no estado.

"A FESEB tem a função de ser uma representação legal dos anseios dos skatistas e representá-los perante o poder público. Temos atuado na reforma de pistas e reforçando a importância de projetos específicos para novas pistas. Tivemos um bom resultado ano passado e a previsão é de melhoras para esse ano", explicou.

Outrora marginalizado (em 1988, Jânio Quadros, então prefeito de São Paulo chegou a proibir a prática na cidade), o skate foi uma das grandes sensações no Brasil durante as Olimpíadas de Tóquio. No total, o país conseguiu três medalhas: as pratas de Kelvin Hoefler e Rayssa Leal, no Street, e Pedro Barros, no Park (nessa modalidade, a pista é oca com uma série de curvas, além de conter elementos como corrimões e rampas maiores).

Em 2017, segundo informações de uma pesquisa contratada pela Confederação Brasileira de Skate (CBSk) junto ao Instituto Datafolha, o número de praticantes do skate, que em dezembro de 2009 eram aproximadamente 4 milhões de praticantes, agora é de cerca de 8,5 milhões.

Ainda segundo a pesquisa, a maioria (36%) dos praticantes de skate no Brasil tem idade entre 11 a 15 anos. O soteropolitano Iâneque Ferreira, de 46 anos, que irá competir no Circuito Baiano de Skate de 2023 na categoria master, é um exemplo de quem começou a praticar entre 8 e 9 anos e até hoje respira a cultura do skate.

"Acredito que eu tenha uns 35 anos de skate (não sou muito bom com datas) e posso lhe garantir que já estou na quarta ou quinta geração do skate aqui na cidade (Salvador). Já vi muita gente chegando no esporte e deixando de andar também, por conta do corre do dia a dia. Estou vendo muita gente voltando a andar e eu acho isso massa!", disse Iâneque em bate-papo com o Bahia Notícias.

Iâneque Ferreira irá competir na categoria Master do Circuito Baiano de Skate | Foto: Acervo pessoal

"O skate representa muito para mim porque vivo intensamente. Tento ajudar passando uma visão mais profissional do esporte para quem está chegando, tentando mostrar os caminhos e expandir a mente da galera. Com toda a vivência no esporte acredito na evolução não só como atleta, como também no pessoal", falou o skatista.

Na década de 1990, sem contar com um espaço especializado para divulgar os seus "rolés" de skate, Iâneque, que hoje é editor de vídeo profissional e trabalha no posicionamento da marca Conceito Skatebord, criou junto com outros companheiros a Select Skateboard Video. A produtora teve um papel importante na divulgação do skate nordestino para o resto do país.

"Somos da época que fazíamos cópias através dos vídeos cassetes, era insano e valeu a pena toda experiência", contou o skatista.

Nos anos 90, Iâneque produzia fitas de vídeo cassete das suas vivências com o skate | Foto: Acervo pessoal

Em relação ao Circuito Baiano de Skate, Iâneque destaca a importância do evento e critica a falta de apoio. "O Circuito é de suma importância para o nosso esporte. Sabemos que não é fácil por conta da falta de incentivo ao esporte amador, principalmente nos meios de divulgação esportiva da cidade. Aqui em Salvador, o esporte se resume a Bahia e Vitória. Existe zero apoio às competições amadoras. Os canais de divulgação da imprensa têm a missão de divulgar o esporte e dar espaço aos atletas para que eles se tornem ídolos e referência para outros também terem a oportunidade de aparecer. Precisamos profissionalizar nossos atletas para que possamos ter um skate profissional na cidade", pontuou.

Grato por estar vivendo a popularização de uma das suas paixões, Iâneque explica como o estilo de vida do skate ultrapassa as barreiras do esporte. "Dizem que estamos vivendo um momento de diversidade, só que ainda vejo muito preconceito com nosso 'lifestyle' (estilo de vida). Vivo no meu 'lifestyle' e levo o skate por onde eu vou, não importa se seja no trabalho ou em outras ocasiões. Quando eu digo que eu levo o skate comigo, não estou falando literalmente do skate no pé, e sim do jeito de se vestir e expor a nossa cultura. Sou da época que o skate se tornou cultura de rua juntamente com o rap e considero fazer parte disso. Sou militante do esporte e tento ao máximo representar essa bandeira. Antigamente, lógico que o preconceito era bem maior. O que muda hoje é que as pessoas já não te olham como um vagabundo e sim como atleta. Antes de eu morrer o esporte tem que estar consolidado aqui em nosso estado. Essa é minha esperança e propósito de vida", explicou o skatista.

Circuito Baiano de Skate começa neste sábado, em Feira de Santana | Foto: Rodrigo Calzone - FESEB

Iâneque também ressalta a importância dos valores de coletividade que a comunidade do skate carrega e fala sobre as diferenças da prática competitiva e por lazer.

"A competição eleva o espírito e desperta seu lado competitivo. Ao mesmo tempo que o skate é um esporte individual na sua prática, ele consegue ser coletivo quando você tem a oportunidade de andar com sua galera. Olha que bacana isso, né? E temos espaço para os dois tipos de atletas (o de lazer e o de competição). O skate é muito democrático. Eu, por exemplo, permeio nesses dois mundos, tanto no lazer nas manhãs de sábado e domingo, quanto nas competições na categoria master quando tem algum rolando", comentou.

Programadas para setembro e outubro deste ano, em Salvador e Dias D'ávila, respectivamente, as próximas etapas do Circuito Baiano de Skate ainda terão as suas datas definidas pela FESEB. Em 2023 será a terceira edição do evento que contou com o apoio financeiro de R$ 199.999.00 da Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (Sudesb) e irá contar com cerca de 84 atletas.