Cannes termina exibições sem favorito e com destaque para filmes de denúncia social

Cannes termina exibições sem favorito e com destaque para filmes de denúncia social
Júri de nove membros, liderado pelo ator francês Vincent Lindon, dará sua decisão na noite de sábado (28). 75ª edição do Festival de Cannes

LOIC VENANCE / AFP

O 75º Festival de Cinema de Cannes concluiu nesta sexta-feira (27) as apresentações de sua seleção oficial, antes da cerimônia de entrega da Palma de Ouro, sem um claro favorito após uma edição muito eclética, em temas e estilos cinematográficos.

Em quase duas semanas de competição e 21 filmes, o júri viu cinema para todos os gostos.

Os dois últimos filmes exibidos nesta sexta foram "Un petit frère", de Léonor Serraille, a saga de uma família de migrantes africanos na França, e "Showing up", de Kelly Reichardt, um retrato do dia a dia de uma artista.

Cena de 'Showing up'

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O júri de nove membros, liderado pelo ator francês Vincent Lindon, dará sua decisão na noite de sábado.

O prêmio do concurso paralelo Um Certo Olhar foi entregue nesta sexta. O filme vencedor foi o francês "Les Pires", de Lise Akoka y Romane Gueret.

"Me sinto bem com a ideia de ter uma opinião, em vez de me calar (...) especialmente agora que todo mundo é tão sensível sobre tudo", afirmou Bardem, de 53 anos.

Denúncia social

Cannes abriu todas as portas para o cinema mais comprometido. Filmes sociais e de denúncia talvez tenham sido os dominantes.

Entre eles o iraniano "Holy spider", sobre um serial killer de mulheres, de Ali Abbasi, "Tori et Lokita", dos irmãos belgas Dardenne, sobre menores migrantes, e "RMN", do romeno Cristian Mungiu, sobre racismo e extremismo.

A meio caminho entre o espírito de denúncia e a sátira mais feroz, "Triangle of sadness", do sueco Ruben Ostlund, sobre o mundo dos mais privilegiados.

Outros diretores mostraram sua face mais introspectiva, como "Nostalgia", do italiano Mario Martone, ambientado em uma Nápoles sob o controle da Camorra, ou "Armagedon time", de James Gray, a memória de Nova York nos anos 1980.

"Close", de Lukas Dhont, trata da amizade entre dois adolescentes separados de forma traumática.

Cena de 'Close'

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É o caso do iraniano "Leila's brothers", de Saeed Roustaee, que mostra uma família à beira da ruína, ou "Broker" do japonês Hirokazu Kore-eda, sobre o abandono de crianças na Coreia do Sul.

O júri também poderá escolher entre dramas policiais, desde "Holy Spider" até "Decision to Leave", do sul-coreano Park Chan-Wook, sobre um policial e seu romance com uma misteriosa suspeita de assassinato.

"Boy from Heaven", de Tarik Saleh, também é um thriller, ambientado no Egito contemporâneo.

Dramas históricos também estiveram presentes na Croisette.

A competição começou com "Tchaikovsky's Wife", do russo Kirill Serebrennikov, que narra as tribulações da esposa do grande compositor.

O cinema francês em sua vertente mais melodramática esteve representado com quatro filmes este ano. "Stars at noon", de Claire Denis, um romance tingido de mistério, "Les Amandiers" de Valeria Bruni-Tedeschi, uma homenagem exaltada ao teatro, e "Frère et soeur" de Arnaud Desplechin, um drama familiar.

Cena de 'EO'

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Por fim, para quem prefere cinema fantástico ou experimental, "Eo", de Jerzy Skolimowski, sobre as aventuras de um burro, "Pacification", do diretor espanhol Albert Serra, com uma pitada de espionagem em um exótico Taiti, e, finalmente, "Crimes of the future", sobre órgãos humanos como obras de arte, do canadense David Cronenberg.

No ano passado, o festival premiou um filme polêmico, sobre transexualidade e estilo futurista, "Titane", da diretora francesa Julia Ducournau.