Oscar Bolão, um rei do ritmo na música do Brasil

Oscar Bolão, um rei do ritmo na música do Brasil
Morte do baterista e percussionista carioca, aos 68 anos, 'atravessa' o samba ? OBITUÁRIO – A morte de Oscar Bolão, aos 68 anos, atravessou o ritmo da música brasileira na última quarta-feira. Após dias de internação em centro de emergência do Leblon, bairro onde o carioca Bolão se criou, o ritmista saiu de cena, vítima de complicações decorrentes de covid-19, infecção e quadro de infarto.

Para os cantores e músicos que trabalharam com Oscar Luiz Werneck Pellon (6 de fevereiro de 1954 – 16 de fevereiro de 2022), a música do Brasil perdeu um rei do ritmo. Um entusiasta do samba feito na cidade natal do Rio de Janeiro (RJ).

As habilidades do baterista e percussionista eram notórias na MPB desde os anos 1970, década em que Oscar Bolão entrou em cena – precisamente em 1975 – como integrante do conjunto Coisas Nossas, criado para louvar e reviver o cancioneiro do compositor carioca Noel Rosa (1910 – 1937).

Não por acaso, foi da letra de uma obra-prima da parceria de Noel com Vadico (1910 – 1962), o samba-canção Feitio de oração (1933), que Bolão extraiu o título do livro que lançou em 2003, Batuque é um privilégio – A percussão na música do Rio de Janeiro.

Trata-se de livro didático, pois, naquela altura, o ritmista já tinha muito a ensinar a músicos e arranjadores, com a autoridade de ter tocado em discos de cantores do quilate de Elizeth Cardoso (1920 – 1990) e Ney Matogrosso – e de ter integrado a Orquestra de Música Brasileira, a Orquestra Pixinguinha e a Orquestra de Cordas Brasileiras.

Pergunte a qualquer músico ou cantor que tenha testemunhado o dom do artista que todos hão de afirmar, com ênfase, que privilégio era tocar com Oscar Bolão em um disco ou em show. Inclusive pelas tiradas de Bolão, frutos do humor mordaz do músico. “O show hoje vai ser um arraso: só se fala de outra coisa na cidade”, era um gracejo do ritmista.

Integrante do Pife Muderno, grupo orquestrado sob a batuta do saxofonista e flautista Carlos Malta, Oscar Bolão deixa disco inédito gravado com o Pife em tributo à obra de Gilberto Gil. O último disco, infelizmente, pois a morte do ritmista atravessou para sempre o samba carioca.

Oscar Bolão (à direita, de camisa branca) na banda Pife Muderno, com a qual gravou disco ainda inédito

Marisa Formaggini / Divulgação