Aqua, 25 anos depois: trio relembra 'Barbie Girl' e elogia 'linda' versão de Kelly Key

Aqua, 25 anos depois: trio relembra 'Barbie Girl' e elogia 'linda' versão de Kelly Key

As batidas e letras eram simples. O revezamento de vozes era hipnotizante. O visual parecia de banda de desenho animado. Com essa fórmula, o quarteto dinamarquês Aqua vendeu mais de 15 milhões de cópias de seu álbum de estreia, “Aquarium”.

Em 1997, “Barbie Girl” foi uma das músicas mais tocadas no Brasil. O fantástico mundo de plástico da letra ganhou até versão em português, cantada por Kelly Key, oito anos depois (veja trechos dos dois clipes no vídeo acima).

Na série semanal "Quando eu hitei", artistas do pop relembram como foi o auge e contam como estão agora. São nomes que você talvez não se lembre, mas quando ouve a música pensa “aaaah, isso tocou muito”.

A banda Aqua no clipe de 'Barbie Girl'

Reprodução

Após uma pausa, eles voltaram em 2016, mas com um membro fundador a menos: o guitarrista Claus Norreen. Ele e o tecladista Søren Rasted sempre foram os principais compositores, mas os rostos mais conhecidos são os dos vocalistas.

René Dif, ex-DJ de 53 anos, ficou famoso pela careca, pela voz grave e pelo sorrisão. Lene Nystrøm, 47, mudava de cabelo como quem muda de roupa. Virou cantora após ser modelo e assistente de palco em um famoso programa da TV norueguesa, terra natal dela.

“O Aqua tinha muita ironia, a gente tentava botar cores nas palavras. Era bem visual e tudo sempre brincava com isso”, explica Lene ao G1 (veja entrevista no vídeo acima).

“É como se a música fosse uma tela e você começasse a pintar com as palavras e os vocais e tudo isso. É uma grande parte do Aqua, trabalhar assim.”

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A banda dinamarquesa Aqua

Divulgação

Entre 2011 e 2021, a banda só lançou uma música, “Rookie”. Em 25 anos de carreira, o Aqua gravou outros singles de sucesso como “Dr. Jones” e “My oh my”. Foram bem nas paradas, mas sem repetir o estouro de “Barbie Girl”.

“Desde 2008, a gente tem feito turnês pelo mundo”, conta René. “Tivemos sorte de ver o mundo inteiro de novo. A gente não foi ao Brasil, porque ainda não fomos convidados ainda. Mas assim que convidarem, a gente irá.”

A formação atual do Aqua com René, Lene e Soren

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O Aqua veio só uma vez ao Brasil, em 2000. Eles se apresentaram em programas de TV como o “Planeta Xuxa”.

“O programa era maluco. Eu me lembro que a moça, a apresentadora, ela era loira e já tinha namorado um piloto de Fórmula 1, talvez”, arrisca René. O chute é certeiro: Xuxa namorou Ayrton Senna por quase dois anos, no fim da década de 80.

“Era um programa gigante, né? Tinha muita gente, todos dançando. Foi uma experiência incrível”, adjetiva ele.

No TikTok e no estúdio

Lene Nystrøm e René Dif, do Aqua, em 2018

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Durante a entrevista, Lene é interrompida duas vezes pelas filhas. Foi um pouco por conta delas que o Aqua resolveu se arriscar no TikTok.

Ela diz que as filhas de 15 e 16 anos vivem com o celular no rosto. “Elas ficam sem olhar para cima, sempre vendo o TikTok”, explica, imitando as duas. "Eu dizia que eu nunca entraria no TikTok. Mas agora a banda está no TikTok e você tem que seguir o que está bombando.

"Mas eu não tenho uma conta pessoal, é só pela banda. Gastaria demais o meu tempo.”

Ela revela que a banda está preparando músicas novas. “Mas eu acho que não vamos mais lançar um álbum, vamos seguir lançando singles... Se lançarmos, será como single. É mais fácil hoje, com a fase em que o mercado está.”

Lene Nystrøm, do Aqua, no clipe de 'Barbie Girl'

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“E eu posso te falar que o que a Lena acabou de te contar... Você é a única pessoa em todo o mundo que sabe que a gente está em estúdio. Então, agora você sabe”, interrompe René, empolgado. “Foi mal, vocês vão arrancar minha cabeça fora, né?”, pergunta ela, rindo com timidez.

Lene parece sempre estar dois tons abaixo do amigo de banda, com quem namorou no início do Aqua. René é muito mais pilhado do que a parceira. Ela também teve um relacionamento com Søren.

Românticos e punks

A banda dinamarquesa Aqua

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Esse passado romântico da banda já foi embalado por canções mais apaixonadas e lentas. A balada “Turn Back Time”, por exemplo, tocou em rádios brasileiras e na MTV local. Mais exótica, “Playmate to Jesus” ganhou clipe sombrio, em 2011.

“Eu, naquele tempo, tinha uma imagem bem dark. Fiquei bem punk, usando couro e coisas assim”, relembra Lene.

O Aqua no clipe 'Playmate to Jesus'

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“Resolvi fugir das cores. Queria ser o oposto, mostrar um contraste da música e da banda que a gente era. Eu sei que é bem mais dark do que as outras coisas que a gente já fez. Mostra um lado diferente nosso.”

René avalia que aquela fase, com menos sucesso do que a anterior, representou um momento mais soturno.

“Eu também acho que a imagem muda com a idade”, ele opina. “Claro, a gente está mais consciente de quem somos e para onde estamos indo com nossa música agora, mais do que no passado, quando éramos mais ingênuos.”

O cantor garante que hoje o Aqua tem “equilíbrio”. “A gente ainda tem cores, positividade, e quando tocamos ao vivo você tem um gostinho do nosso mundo. Então, o estilo ainda é colorido, mas mais adulto do que quando éramos mais jovens.”

Kelly Key 'belíssima'

Kelly Key no clipe de 'Barbie Girl', de 2005

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No final da entrevista, o G1 mostrou para Lene e René o clipe de “Sou a Barbie Girl”, versão cantada por Kelly Key. Os dois aprovam, mas a cantora se empolga mais:

“Ela é totalmente belíssima, primeira coisa. É uma boa, engraçada e linda versão do vídeo de ‘Barbie Girl’. Grande mérito dela.”

René diz que sempre fica lisonjeado quando ouve versões de músicas do Aqua: “Com certeza, dou os parabéns a ela.”

“Esperamos que se a gente um dia voltar ao Brasil e talvez a gente possa se encontrar com ela... Daí a gente a leva para o palco para cantarmos juntos para todos os fãs brasileiros.”

Em português? Ele ri e responde: “Eu até que falo um pouco de espanhol, mas só isso.”

A capa do single 'Barbie Girl', do Aqua, de 1997

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