Talibãs impedem jornalista afegã de trabalhar

Talibãs impedem jornalista afegã de trabalhar

Uma jornalista do Afeganistão informou, na quinta-feira (19), ter sido impedida de trabalhar em sua emissora de televisão, depois que o Talibã retomou o poder. Shabnam Dawran, a apresentadora, publicou um vídeo em redes sociais no qual pede ajuda.

Após trabalhar durante seis anos como jornalista para a emissora estatal afegã RTA, Dawran afirmou esta semana que teve o acesso negado à redação, enquanto seus colegas homens podiam fazê-lo.

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No vídeo, ela aparece usando um hijab e mostra sua identificação como jornalista. Dawran afirma que sua vida está ameaçada.

Membros do Talibã em um posto de controle em Cabul, no Afeganistão, nesta terça-feira (17)

Stringer/Reuters

"Não me dei por vencida, após a mudança de regime e me dirigi para o meu escritório. Infelizmente, não tive permissão para entrar", disse.

"Aqueles que estão me ouvindo, se é que o mundo me ouve, ajudem-nos, pois nossas vidas estão ameaçadas", concluiu.

Sob o governo talibã, entre 1996 e 2001, entretenimentos como televisão e música foram proibidos, as mãos dos ladrões eram cortadas, e assassinos, executados em público. As mulheres ficaram proibidas de trabalhar, ou estudar; e as acusadas de adultério eram açoitadas e apedrejadas até a morte.

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Talibã mata parentes de jornalista

Nesta sexta-feira, talibãs mataram a tiros o parente de um jornalista que trabalhava para a Deutsche Welle (DW) no Afeganistão e era procurado pelos militantes. Foi o canal público de televisão alemão que revelou a morte.

Um outro familiar do jornalista, que não teve a identidade revelada e atualmente trabalha na Alemanha, ficou gravemente ferido. Vários parentes conseguiram fugir enquanto os talibãs seguiam de porta em porta. A DW não informou a nacionalidade das vítimas.

Alguns jornalistas afegãos dizem que foram espancados e tiveram suas casas invadidas desde que o Talibã tomou a capital Cabul, no domingo (15), e voltou ao poder após 20 anos. A DW diz que os talibãs foram às residências de pelo menos três jornalistas da emissora.

Talibã havia dito que permitiria o trabalho da imprensa

Após a queda de Cabul, os talibãs afirmaram que as mulheres poderão exercer seus direitos, incluindo educação e trabalho, desde que dentro da sharia, a lei islâmica. O grupo também afirmou que a imprensa será livre e independente, mas que os jornalistas não devem trabalhar contra os valores islâmicos.

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