emmy 2021 e o ano das minisséries

emmy 2021 e o ano das minisséries

Veja as principais indicações ao Emmy Awards 2021

Ridiculamente ignorada pelo Globo de Ouro, “I May Destroy You” (HBO) talvez seja a que mais mereça a estatueta. É impossível ficar indiferente depois de assistir à história escrita, dirigida e protagonizada pela gênia Michaela Coel, que usa sua própria experiência traumática de ter sido drogada e estuprada no banheiro de uma balada como ponto de partida para a série. Original, bem escrita e, hã, provocadora, é uma bela reflexão sobre sexo, consentimento, abuso, relações tóxicas, machismo, amizade e a vida vivida pelas redes sociais.

Mas aí tem a incrível “Mare of Eastown” (HBO), com Kate Winslet dando um banho de atuação no papel da policial perturbada de uma cidadezinha americana marcada por um crime bizarro – embora com uma premissa superclichê, a série se desvia lindamente do óbvio e concorre a melhor coisa de 2021 facinho (“I May Destroy You” é do ano passado).

“O Gambito da Rainha” (Netflix) talvez não mereça levar como melhor minissérie, tendo em vista suas concorrentes, mas é bem possível que ganhe por conta de toda a badalação em torno da história da menina prodígio do xadrez. E, se ganhar, não será de todo injusto. Foi a série mais bombante do ano passado, afinal.

Por fim, “WandaVision” (Disney +), vendida como uma série só para quem é fã de herói, fã do MCU (que eu nem sabia o que significava até pouco tempo atrás), merece muitíssimo estar nessa lista. Eu, como total e completa ignorante em termos de herói, fui assistir sem fazer ideia de quem eram Wanda e Visão. E adorei. A história do casal de heróis (são heróis, mas temo que alguém venha me corrigir nos comentários dizendo que eles são outra coisa) que fica preso numa espécie de realidade paralela em forma de sitcom de várias décadas é divertidíssima.

Que coisa linda uma categoria assim. É para isso que a gente paga 80 streamings, afinal.

O mesmo já não posso dizer da categoria “melhor drama”. Fazia tempo que eu me empolgava tão pouco com as concorrentes. Mas metade da culpa é minha (que larguei “The Handmaid’s Tale”, Globoplay, antes de a série voltar a ser legal, ou seja, na segunda temporada), nunca tive paciência para “The Crown” (Netflix) e não sou o público de “The Mandalorian” (Disney +).

Sendo assim, vou torcer pra série que mais me divertiu entre essas aí, a ótima “The Boys” (Amazon Prime) – embora ache que o prêmio deva ir pra “Lovecraft Country” (HBO), que mesmo muito irregular (episódios excelentes e episódios horríveis) é sem dúvida a coisa mais original que a gente vê em muito tempo.

Pelo número de atores/atrizes indicados de “Handmaids” e “Lovecraft”, com certeza o prêmio vai pra uma das duas. Que seja "Lovecraft" então.

Só espero muito que não resolvam premiar a bobíssima “Bridgerton” (Netflix). Nem que o duque ganhe como melhor ator (o povo tá confundindo beleza com talento, não é possível).

Por fim eu queria muito, mas muito que “Hack” (HBO Max) fosse considerada um drama (não é, mas não é uma comédia coméeedia) para eu não ter que torcer contra minha queridinha “Ted Lasso” (Apple TV +), a série mais fofura e good vibe da década.

A questão é que “Hacks” é a melhor coisa deste ano (acho que melhor que “Mare”, mencionada acima, será?), é boa demais. Não tem como não levar o Emmy, não tem como. E não tem como Jean Smart - no papel de uma comediante meio em fim de carreira que se vê obrigada a trabalhar com uma jovem roteirista meio amarga e recém-cancelada - não ganhar de melhor atriz, simples assim. Ou ainda levar uma dobradinha de Emmys, porque também arrasou em “Mare”.

Jean Smart é demais, por favor veja “Hacks”. E também veja “Ted Lasso” – fico contente porque tenho certeza de que o Jason Sudeikis ganha de melhor ator, fora algum dos 30 outros atores que estão indicados como coadjuvantes. Que alegria será ver um Emmy assim.