'O movimento tá fortalecendo', diz Cris Lima, representante baiana do piseiro na Globo

'O movimento tá fortalecendo', diz Cris Lima, representante baiana do piseiro na Globo

Velho conhecido de quem vive em um dos 417 municípios da Bahia, em especial quem vem do interior do Estado, o gênero pisiero, uma vertente do tradicional forró, ganhou o Brasil nos últimos dois anos. O crescimento do gênero foi tanto, que em 2021 ele ganhou espaço no especial de São João produzido pela Globo Nordeste, que vai ao ar neste sábado (5), e tem a cantora Cris Lima como a representante da Bahia.

Mas ainda há quem não seja íntimo do estilo que conquistou a região Sul e Sudeste com um pouquinho de atraso, com grandes representantes como Barões da Pisadinha (BA), Zé Vaqueiro (PE), Eric Land (CE).

Também conhecido como pisadinha, o piseiro, tem como instrumentos básicos a caixa de bateria reproduzida eletronicamente e os solinhos feitos no teclado.

O som, mais limpo que o forró feito por bandas como Calcinha Preta e Magníficos, conseguiu se expandir por meio da internet de forma a atrair 343 milhões de visualizações para as versões de 'Tá Rocheda', da banda baiana Barões da Pisadinha, que estão disponíveis no YouTube.

"O pisiero a cada dia toma os quatro cantos, do Brasil e do mundo. Eu fico torcendo para que mais artistas abracem o gênero, porque eu acredito que quanto mais artistas abraçarem essa bandeira, o movimento se fortalece", contou Cris Lima.

Com mais de 30 anos de carreira, a artista, que deu início a música na banda Cheiro de Forró, veio de forma tímida fazendo músicas para o gênero, que tem artistas masculinos como os principais representantes, mas aos poucos conquistou seu espaço.

"Eu venho de uma família muito musical. Lógico que no começou eu não cantava piseiro, mas eu sempre cantei forró, mas não tive resistência nenhuma para migrar de ritmo. Porque quando você sente que aquela ali também é a sua verdade, já foi. E eu sou muito aberta, acho que a gente tem que acompanhar o mercado e estar aberta a perceber as tendências".

Cris Lima e o pai, o sanfoneiro Ze? Carlos (Foto: Reprodução / Instagram)

E ao falar em tendência, foi por meio de uma que a vertente do forró ganhou ainda mais espaço fora do mercado do Norte e Nordeste, o TikTok. A plataforma, com seu formato rápido, fez com que as dancinhas e brincadeiras com a música viralizassem rapidamente. Durante a pandemia, os números de Cris cresceram ainda mais devido a presença dela nas redes sociais. Com isso, a cantora conseguiu bater mais de 1 milhão de visualizações no Youube e mais de 90 mil ouvintes no Spotify.

Ao Bahia Notícias, a cantora falou sobre como enxerga um dos maiores associados do ritmo, que fez com que a vertente fosse abraçada por um novo mercado de consumidores, o Sul e Sudeste, que é considerado para muitos o 1º lugar das rádios.

"Com a pandemia, eu acho que não só eu, como uma boa parte dos artistas que entenderam a importância do digital, teve essa alavancada. Eu tenho uma filha de 13 anos dentro da casa e fui apresentada ao TikTok por ela. Quando o piseiro foi para o TikTok, ele ganhou uma força muito grande. Não tem como a gente tapar o sol com a peneira. Quando existe esse rompimento (da música chegar ao sul e sudeste), a gente tem que realmente vibrar, porque a nossa música é muito boa".

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Pelo segundo ano consecutivo sem o São João de forma presencial, Cris Lima espera suprir a própria saudade e a do público com o especial ao lado de Tarcísio do Acordeon, Wallas Arraes, DJ Ivis, Vítor Fernandes e Biu do Piseiro, no programa da Globo, mas confessa que ainda é dolorosa viver essa realidade.

"Viver mais um ano com esse São João virtual é doloroso. Eu confesso para você que eu cheguei a ter uma esperança de que as coisas estivessem melhor e que nós pudéssemos estar esse ano fazendo o melhor que a gente sabe fazer. Para mim é uma tristeza, dói profundamente. Eu vivo do forró, o dia todo na minha casa tem sanfona. Não está sendo fácil".