Turbilhão Feminino: Mulheres, arquibancadas e o amor ao seu time

Turbilhão Feminino: Mulheres, arquibancadas e o amor ao seu time
Começo de 2023 lá no Sul do Brasil, mais especificamente no estado do Paraná, as arquibancadas do Couto Pereira e da Arena da Baixada tiveram suas arquibancadas tomadas por mulheres.

O primeiro, Coritiba, colocou entre mulheres e crianças, quase, 8 mil torcedores e seu maior rival, Athletico Paranaense, 32 mil.

Uma sensação de "liberdade" e "segurança", foi assim que a fundadora, Natália Oliveira, das Gurias do Couto (coletivo de mulheres torcedoras do Coritiba) definiu, em entrevista a revista Placar, o ambiente no estádio.

"Foi uma sensação de segurança. Não que a gente não se sinta segura em jogos normais, mas era uma sensação de liberdade. Estávamos mais à vontade. Vi muito mais mães com seus filhos, vi outras amamentando seus nenéns".

Alguns questionam o que você ganha ou perde com um time de futebol, porém é impossível explicar, jamais entenderiam a sensação de um gol. Outros definem como loucura, entretanto o que para uns é loucura, para milhões é a sensação mais indescritível do planeta e como melhor explicar loucura do que uma representante do bando de louco, Vanessa Moraes é torcedora do Corinthians e fala sobre o amor ao clube:

"A minha paixão pelo Corinthians surgiu desde de pequena, através do meu pai Edilson de Moraes, que gostava muito de futebol e hoje ele é falecido, mas era grande Corinthiano fanático, através dele, e da minha família pude acompanhar e conhecer o time, os ídolos como Sócrates, e com o tempo fui me apaixonando mais pelo Corinthians, time do meu coração.

Comecei a assistir os jogos de futebol que marcou muito a primeira vez que fui ao estádio de futebol, foi um momento muito importante na minha vida.

Aliás costumo sempre dizer que já nasci em uma família de Corinthianos (risos). Tenho orgulho em fazer parte desse bando de louco pelo Corinthians…"

Se por um lado Vanessa torce para o Corinthians, atravessamos a linha vermelha do metrô paulistano e conversamos com a Giovanna Scandaroli, torcedora do Palmeiras, que falou sobre seu amor ao time alviverde:

"Então, nasci em uma família palmeirense e que ama futebol, então cresci torcendo pelo Palmeiras e acompanhando futebol junto com meus tios e tias, avô e mãe."

Giovanna foi além e falou sobre ser mulher e gostar de futebol:

"E sobre ser menina e gostar de futebol, era mais difícil antes, no sentido de não ter incentivo, ninguém queria falar de futebol comigo, ninguém se importava com o que eu tinha pra falar etc. Hoje, principalmente por frequentar o estádio e por estar mais velha, a sexualização é o mais difícil, parecer que por estar falando de futebol tô tentando agradar homem etc. Mas assim, vou em estádio desde muito nova, e eu lembro que antes eu via tipo 15 mina em um jogo e hj é mina pra caral**, me alegra de verdade. Então é difícil, mas eu consigo ver melhorias claras e isso deixa as coisas melhores".

Quem acompanha a Letícia Landim no Instagram sabe que em qualquer story pode ser a análise de um jogo internacional e o grande responsável por isso foi o goleiro Buffon.

"Sobre o futebol internacional: comecei a assistir em 2007/08, mas acompanhar mesmo, em 2019/20. Ainda acho que falta um conteúdo mais para mulheres e/ou feito por mulheres, meio que estão "introduzindo" agora. E a minha paixão pelo futebol internacional começou por Gigi Buffon, ídolo demais."

Torcedora da Juventus e do Manchester City, Letícia é palmeirense fanática, porém acompanha o seu irmão em jogos do São Paulo e em outras oportunidades conhece estádios do estado de São Paulo.

Há 16 anos Letícia acompanha o clube e conta um pouquinho sobre:

"Sobre o Palmeiras: comecei a torcer e acompanhar em 2007 e vi que evoluiu muito a questão de mulheres que "me representam" na torcida, seja criando conteúdo ou torcendo junto".

Uma pesquisa realizada pela GLOBO e IPEC, em 2022, mostra que Flamengo e Corinthians lideram o ranking de torcida feminina e que a do Palmeiras foi a que mais cresceu.

Já Botafogo e Fortaleza, junto com o Santos, tiveram a maior queda no ranking.

Quantas vezes essas mulheres já tiveram que responder o que é impedimento? Quantas vezes já questionaram quem era o goleiro do título amistoso de 1943?

A parte dois do projeto "Você sabe o que é impedimento?" trouxe torcedoras do futebol para falarem do seu amor ao clube, afinal é isso que conta.