Beija-Flor de Nilópolis celebra o 2 de Julho como verdadeira independência do Brasil

Beija-Flor de Nilópolis celebra o 2 de Julho como verdadeira independência do Brasil
Depois da Estação Primeira de Mangueira e da Unidos da Tijuca homenagearem a Bahia no primeiro dia dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro, na madrugada desta terça-feira (21) foi a vez da tradicional Beija-Flor de Nilópolis lembrar das glórias baianas na folia fluminense.

O enredo da terceira maior campeã da competição - com 14 títulos - lembrou os 200 anos da independência do Brasil na Bahia, ocorrida em 2 de Julho de 1823, reconhecida pela escola de samba como a data verdadeira da libertação brasileira frente a Portugal.

Um dos destaques da Beija-Flor - que entrou na Sapucaí com 23 alas, seis carros, três tripés e 3,5 mil integrantes - foi a cantora Ludmilla, que integrou o time de intérpretes da escola de Nilópolis.

Logo no início do desfile, a Beija-Flor tentou contar a história da independência do Brasil de uma outra forma, questionando o 7 de Setembro e ressaltando a participação popular na construção da conquista nacional. O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira estavam caracterizados de caboclos, que simbolizam o povo brasileiro nas comemorações do 2 de Julho na Bahia.

Ao abordar mais diretamente o 2 de Julho, a escola de Nilópolis destacou a pescadora Maria Felipe - negra, moradora da ilha de Itaparica e heroína da independência do Brasil na Bahia -, que foi interpretada pela cantora Majur.

Além da independência do Brasil na Bahia, principal foco do desfile da escola, os baianos foram lembrados pela Beija-Flor quando outras revoltas populares brasileiras foram lembradas. No caso, a Revolta dos Malês - levante de negros islâmicos no centro de Salvador no século XIX, foi referenciada em uma das alas.

O samba-enredo da Beija-Flor em 2023, composto por Léo do Piso, Beto Nega, Manolo, Diego Oliveira, Julio Assis e Diogo Rosa, ressalta a participação de negros escravizados no 2 de Julho e cobra igualdade racial no Brasil de hoje.

Em um momento da música, a letra exalta figuras femininas da história brasileira, falando em "mátria" e afirmando que "são Marias e Joanas os Brasis que eu quero ter", em referência a Maria Felipa, Maria Quitéria e Joana Angélica, heroínas baianas da independência do país. Confira abaixo o samba-enredo interpretado por Neguinho da Beija-Flor.

A BAHIA E A BEIJA-FLOR

Esta não é a primeira vez que a Beija-Flor homenageia a Bahia em seus enredos. Em 1972, a relação entre o estado e a escola de samba teve início com o tema "Bahia dos meus Amores", que ficou com a sexta colocação do Grupo 2 do carnaval do Rio de Janeiro.

Depois, a Bahia voltou a aparecer nos enredos da Beija-Flor no desfile vice-campeão de 1981 - Carnaval do Brasil, a oitava das sete maravilhas do mundo - e na apresentação campeã de 2007 - Áfricas: Do berço real à corte brasiliana. Entretanto, apenas em 2023, 51 anos depois, é que a escola de Nilópolis voltou a ter o estado como o tema de seu carnaval.