Campeã do 1º 'No Limite' quase desistiu do programa após importunação: 'Exigi respeito'

Campeã do 1º 'No Limite' quase desistiu do programa após importunação: 'Exigi respeito'

O destino poderia ter sido completamente diferente para a cabeleireira Elaine Melo, hoje com 55 anos, se a paulistana desistisse de sua participação no 'No Limite' na primeira semana de competição 21 anos atrás. Ela levou para casa um prêmio de R$ 300 mil, com descontos, ressalta a participante, revelando que não sobrou muito dinheiro no fim das contas.

A data é 23 de julho do ano 2000. Se a história fosse contada pela DreamWorks, poderíamos situar ela em um reino Tão Tão Distante. Esta foi a data de um dos momentos mais marcantes para a história dos realities na TV brasileira, a estreia do 'No Limite', apresentado por Zeca Camargo, a primeira experiência do país com algo neste formato. Logo nas primeiras semanas de jogo, a paulistana, que no dia 10 de setembro foi coroada a campeã, se bateu com a sua primeira adversidade, ou podemos dizer, importunação.

Em entrevista ao Bahia Notícias, a participante revelou que o maior perrengue vivido no programa quase a fez desistir de viver a experiência e não teve a ver com as provas.

"Eu tive uns amigos que já participaram de coisas em mata e me falaram: nunca faça xixi ou cocô perto de acampamento, porque chama cobra. Nós (Equipe Lua) escolhemos um outro lugar para montar o acampamento e arrumamos um banheiros todo fechado, que não dava para ninguém ver. Um belo dia eu fui no banheiro e um câmera tinha colocado um tripé com a câmera para frente do meu banheiro", relatou.

Elaine conta que bateu de frente com o câmera e informou a produção que desistiria do programa se ele permanecesse. "Eu fiquei com tanta raiva que eu dei um chute no cupinzeiro e caiu uma tampa de barro, eu lancei igual a um disco em cima dele na câmera", disse a paulistana que hoje já conta a história com descontração.

O enquadro, no melhor dialeto baianês, na produção do programa foi decisivo para a sua permanência. "Eu fui lá na equipe e falei: 'Cheguei no meu limite, ninguém vai me filmar usando o banheiro. Eu tenho duas filhas, exijo o mínimo de respeito, pelo menos com isso. Ninguém vai fazer bullying com as minhas filhas por causa disso'". "Aí eles resolveram, conversaram e me mandaram para o acampamento, e morreu aí a situação", relembra.

Em um bate-papo descontraído com o site, a participante, que chegou a ser subestimada pelos colegas de competição e até mesmo pelo público, revelou que vive um período de estrela com a nova edição do programa no ar. Segundo Elaine, as filhas já zoam com a cara dela e já sabem de todas as histórias de cor e salteado. "Eu não tô participando de um reality show, mas eu estou há quase duas semanas dando entrevistas, então eles ficam por aqui me perturbando", riu.

Foto: Reprodução / TV Globo

O status de celebridade pode assustar quem cai de paraquedas na fama, mas, após 21 anos, Elaine se diz acostumada com o assédio da mídia e dos telespectadroes sobre a sua vida. Para a paulistana, a única coisa necessária é o respeito.

"Nunca me incomodei com isso desde que eu fiz o programa. Eu coloquei um limite nisso, a minha vida particular não interessa a ninguém. A pessoa pública é aquela que esteve no 'No Limite', as minhas opiniões, mas a minha vida particular eu nunca expus, eu não vejo o porquê. Uma coisa que eu prestei muita atenção e eu gostei muito assim, foi desses atores que sempre foram muito queridos, que eu nunca vi eles expondo a vida particular deles. Acho que não pode se misturar uma coisa com a outra".

Porém, até conquistar esse espaço de "conforto" com a fama, Elaine passou por momentos de dúvida dentro do programa. Confinada por quase três meses em uma ilha deserta, a paulistana não fazia ideia do que esperava por ela aqui fora.

"Eu não sabia como eu estava aqui fora, e eu estava bombando. Não tinha noção disso. Você fica totalmente fechado. O ser humano está vindo nesses últimos 21 anos de um aprendizado, a gente tá vendo um monte de situação que ainda mostra que tem muita gente tendo que aprender uma série de coisas, principalmente de respeito a próximo, então não adianta muito, né?".

Dentro do jogo, a participante passou por momentos de dificuldades, quando teve sua capacidade menosprezada por colegas de competição. A cabeleireira afirma que o trabalho com a mente foi necessário para se manter firme no jogo.

"A questão de ser subestimado isso sempre vai ter, porque o gordo é lerdo, é lento, não tem preparo físico... Tá pode até ser, algumas são assim, mas não é sempre, tanto é que eu fui lá e fiz. Cada dia que passava eu fui criando mais força, e não era uma questão só física, era uma questão emocional. Eu acabei sendo a mãezona de todo mundo, não fiz isso pensando em ganhar o programa, é um instinto natural, tanto que passou a reprise no Viva e todos eles vieram me dar parabéns", disse ela que ainda mantem contato com os sete últimos que ficaram no programa.

Foto: Reprodução / TV Globo

O controle emocional e mental foi um dos aliados em uma das provas mais temidas pelo público nas edições seguintes: a prova da comida. Se para quem assistia era algo que beirava a tortura, para os participantes era apenas mais um dos desafios do programa. A iguaria mais lembrada, o olho de cabra, que segundo Elaine tem gosto de ostra, foi como diz o ditado popular 'sopa no mel' para os competidores. Segundo a paulistana, a prova aconteceu tão rápido que a produção inventou algo ainda mais desafiador.

"Todo mundo tinha que comer, não tinha o que fazer, era uma equipe. A gente se uniu muito como equipe, querendo ou não todo mundo se ajudou. Tanto que nós acabamos a prova e eles deram um intervalo porque todo mundo comeu. Aquilo foi engraçado, eles não acharam que nós iriamos chegar tão longe, aí eles castigaram no chá (risos), fizeram um chá de carqueja, boldo, uma mistura de ervas, com orientação da nutri. Eu estava acostumada a tomar coisa amarga, mas tinha gente que não. E aí você vai fazer o que? Era o limite da pessoa, você ia forçar ela a tomar? Cada um teve seu limite lá dentro", contou.

Foto: Reprodução / TV Globo

Muito se foi questinado sobre o que a participante fez com o na época, grande prêmio do programa. Elaine relatou ao Bahia Notícias que apesar da grande propaganda com o valor dado pela Globo, o prêmio não chegou em suas mãos de forma integral. A paulistana contou também que optou por não viver uma vida na mídia para aproveitar ao máximo sua família. Na época do programa a cabeleireira tinha duas filhas pequenas e preferiu dar prioridade a criação delas.

"Eu continuei com a minha vida de onde eu parei antes de entrar no reality. Eu fiz o que eu pude fazer com o prêmio que eu ganhei, que na verdade teve 27,5% de impostos, então eu não ganhei R$ 300 mil, foi bem menos. Eu tive um apartamento de 48m² e investi em um negócio que não deu certo, mas eu toquei a minha vida. Na época muita gente falou 'vai fazer o que, TV, rádio?'. E eu falei 'gente, eu tenho duas filhas pequenas e eu optei por criá-las bem, e não me arrependo não. Ser presente, isso não tem preço e muita gente não entende. Perder um filho para a droga, por falta de atenção, é uma coisa muito dura".

Foto: Reprodução / TV Globo

De volta ao estrelato por algo que fez nos anos 2000, a campeã da primeira temporada do programa foi questionada por esta repórter que vos escreve sobre a possibilidade de participar de uma edição All Stars, com os campeões da 2ª, 3, 4ª e agora da 5ª, e a surpresa fica por conta do sim. Aos 55 anos, Elaine revelou que não fugiria do desafio, mas confessa que poderia ter algumas dificuldades.

"Por que não? Não sei se eu daria conta. São 21 anos desde a primeira edição, você já não tem a mesma idade, o mesmo fôlego, as pernas já não são as mesmas, eu não sei se rolaria. Eu tentaria, mas eu prefiro um Big Brother Brasil (risos). Se os Big Brothers invadiram o nosso 'No Limite' vamos invadir a praia deles também", disse aos risos.