Discografia de Erasmo Carlos ostenta algumas das capas mais expressivas da produção fonográfica brasileira

Álbuns como 'Mulher', 'Amar para viver ou morrer de amor' e 'Sexo' têm imagens originais e até polêmicas que se afinam com os conceitos dos discos.

Discografia de Erasmo Carlos ostenta algumas das capas mais expressivas da produção fonográfica brasileira

Em 62 anos de carreira fonográfica, iniciada em 1960 ainda era dos singles de 78 rotações, Erasmo Carlos ((1941 – 2022) gravou 33 álbuns lançados entre maio de 1965 – ano do primeiro LP, A pescaria com Erasmo Carlos – até fevereiro deste ano de 2022, mês em que o artista lançou o derradeiro O futuro pertence à... Jovem Guarda.

Monumental tanto do ponto de vista qualitativo quanto sob o viés da quantidade, a discografia do Tremendão inclui algumas das capas mais criativas da música brasileira. As melhores são as de discos lançados na década de 1970 e nos anos 2010.

Para celebrar a memória e o legado do cantor e compositor carioca que morreu hoje, aos 81 anos, o Blog do Mauro Ferreira selecionou seis capas de álbuns de Erasmo Carlos que merecem figurar em antologias da produção fonográfica nacional.

Capa do álbum '1990 – Projeto Salva Terra!', de 1974 — Foto: Ilustração de Agnus


1. 1990 – Projeto Salva Terra! (1974) – O título do disco ficou confuso com o passar dos anos porque faz supor que se trata de álbum de 1990. Já a capa somente ganhou força com o tempo. Na capa, que expõe arte de Aldo Luiz, Erasmo Carlos aparece em ilustração de Agnus que sugere nuvens e um planeta em chamas. 1990 – Projeto Salva Terra! é disco lançado em 1974, quando questões ambientais relacionadas à preservação dos recursos naturais da Terra ainda não estavam em pauta.



Capa do álbum 'Mulher', de 1981 — Foto: Marisa Alvarez Lima


2. Mulher (1981) – Tão bela quanto controvertida, a capa do álbum Mulher causou polêmica. A ideia da capa foi da mulher de Erasmo Carlos na época, Sandra Sayonara Esteves (1946 – 1995), a Narinha. A foto de Marisa Alvarez Lima (1936 – 2022) sugere que o cantor está sendo amamentado pela esposa. Tudo para mostrar que a força está com elas, as mulheres, o sexo supostamente frágil. A arte da capa é de Mariano Martins.


Capa do álbum 'Amar pra viver ou morrer de amor', de 1982 — Foto: Ilustração de Benício

3. Amar pra viver ou morrer de amor (1982) – Outra antológica capa concebida por Narinha. Na ilustração de José Luiz Benício, uma pomba branca sai do peito de Erasmo Carlos para alçar voo de paz. Com arte de Mariano Martins, a capa simboliza o amor que sempre pautou a vida e a obra do Tremendão. A capa de Amar pra viver ou morrer de amor resultou tão expressiva e original que foi descaradamente copiada pelo MC alemão Morlockk Dilemma no álbum Circus maximus (2011). Só que o ilustrador brasileiro Benício foi à Justiça, alegando plágio, e ganhou a causa.

Capa do álbum 'Apesar do tempo claro...', de 1988 — Foto: Colagem de Arthur Fróes

4. Apesar do tempo claro... (1988) – A capa é pouco conhecida porque o disco surtiu nenhum efeito nas rádios e TVs, encerrando a passagem de Erasmo Carlos pela gravadora Philips / PolyGram, companhia fonográfica na qual o artista ingressara em 1971. A capa expõe colagem de Arthur Fróes. Já a foto é de Orlando Abrunhosa. Separado de Narinha, Erasmo vivia dias sombrios. A imagem da capa traduziu o clima pessimista da música que abriu o disco, 100% de chance de chover.


Capa do álbum 'Sexo', de 2011 — Foto: Criação de Ricardo Leite


5. Sexo (2011) – Simplesmente uma das mais engenhosas e expressivas capas de álbuns de todos os tempos, criada pelo designer Ricardo Leite. Na imagem exposta na capa de Sexo, um coração urdido com a junção de duas digitais sugere a imagem de uma vagina por conta da fenda aberta ao meio. Na edição em CD, lançada pela Coqueiro Verde Records, a imagem em vermelho era a do encarte embalado no disco. Uma ideia genial por unir amor e sexo, motes da obra de Erasmo Carlos, roqueiro afetuoso.


6. Gigante gentil (2014) – Álbum batizado com o apelido dado a Erasmo pela cantora, compositora e guitarrista paulista Lúcia Turnbull. Ricardo Leite, da Crama Design Estratégico, criou a ilustração da capa com a estética dos quadrinhos. O projeto gráfico inclui outras ilustrações expostas nas capas internas e no encarte da edição em CD do álbum Gigante gentil.