Centenário: 'Ocupação Itaú Cultural' homenageia autor baiano Dias Gomes

Centenário: 'Ocupação Itaú Cultural' homenageia autor baiano Dias Gomes
Há cem anos, em 1922, nascia em Salvador Alfredo de Freitas Dias Gomes, considerado um dos maiores dramaturgos e novelistas do Brasil. Autor de grandes sucessos como "Roque Santeiro", "Saramandaia" e "O Bem Amado", o soteropolitano será o homenageado da 57ª mostra da série Ocupação, projeto realizado pelo Itaú Cultural.

A exposição que conta a vida, obra e personagens de Dias Gomes ficará disponível a partir do dia 19 de outubro, quando o artista completaria 100 anos, até 15 de janeiro de 2023, em São Paulo. Para os fãs do autor que vivem em outras partes do país e do mundo, a exposição ficará disponível também no site do Itaú Cultural (IC), gratuitamente.

Em entrevista ao Bahia Notícias, o coordenador do Núcleo de Artes Cênicas, Música e Literatura do IC, Carlos Gomes, afirma que a exposição virtual possui uma experiência tão enriquecedora quanto a presencial.

"A Ocupação tem três pilares. O pilar do espaço expositivo, que fica um período, o site e a publicação. O site é complementar e está lado a lado do espaço expositivo. Porém, ele tem uma coisa bacana, vai ficar (disponível) para sempre. Para ver todas as ocupações a gente consegue entrar no site e fazer uma boa pesquisa, ter um bom conhecimento sobre o autor, vida e obra", inicia Gomes.

"O site também vai ter outras coisas que acabam não estando na Ocupação em si, como a playlist de músicas feitas para as novelas dele (...). Vão ter textos que foram criados (por Gomes Dias) e tem a possibilidade de fazer as visitas online junto com o pessoal do educativo. É uma visita ao vivo, em que os educadores vão conduzir (os visitantes) pelo espaço expositivo para que as pessoas que não estão em São Paulo possam ter esse contato, mesmo que seja por meio de tela", garante o coordenador. Toda a experiência é gratuita. É necessário apenas agendar pelo site e conferir a programação.

A mostra possui toda a trajetória do dramaturgo, do seu nascimento em Salvador aos caminhos trilhados para se tornar um dos principais romancistas do país. Em 11 de abril de 1991, o baiano foi o sexto ocupante da Cadeira 21 da Academia Brasileira de Letras. À época, ele foi sucessor do jornalista e também romancista Adonias Filho, e foi recebido pelo seu amigo e conterrâneo Jorge Amado.

Ao BN, Carlos Gomes contou que o acervo, inclusive, traz uma troca de correspondências entre Dias e o autor de 'Tieta do Agreste'. Todo o material foi coletado por meio de uma extensa pesquisa e contribuição de familiares do homenageado.

"A gente faz uma pesquisa pelos templos culturais, vamos ao IMS (Instituto Moreira Salles), fomos aos museus para ver o que tem de acervo a partir da obra do Dias Gomes. De fato, sempre a família é muito importante quando detém algum acervo do homenageado", explica o profissional.

"No caso do Dias Gomes, a Bernadeth Lysio, que é a viúva, tem um acervo maravilhoso na casa dela. Grandioso mesmo, ao ponto da gente não conseguir trazer tudo o que está lá. O acervo dela foi fundamental para a gente construir a dramaturgia desta exposição. Os filhos também ajudaram trazendo fotografias. Todo esse acervo traz aspectos da vida pessoal, fotos dele jovem na Bahia, com familiares e correspondências entre ele e Jorge Amado, por exemplo. A roupa que ele usou para a Academia Brasileira de Letras, os textos que ele escreveu tanto para a dramaturgia, como para as novelas. A gente encontra os papéis datilografados, as anotações dele, a máquina de escrever dele… Tudo isso possibilita que a gente construa essa narrativa", completa.

A pesquisa, concepção, curadoria e realização é da equipe do Itaú Cultural, composta pelos Núcleos de Artes Cênicas, Música e Literatura e de Audiovisual. O acervo, que também contou com a parceria da instituição Rede Globo, possui 50 fotos e 10 vídeos com depoimentos de artistas, entrevistas de Dias Gomes, roteiros, mensagens de telespectadores e entre outros conteúdos.

"O projeto Ocupação busca homenagear artistas importantes para a cultura e arte brasileira, pessoas que contribuíram tanto (...). A ideia é fazer essa justa homenagem buscando trazer para o grande público aspectos que às vezes a gente desconhece. Enfim, é algo mais imersivo, no sentido de revelar esses aspectos que muitas vezes não são mais conhecidos", declara Carlos Gomes, que também ressalta a importância de fomentar a cultura no país.

"Um país que se constrói com dignidade, que nos faz ter orgulho daquilo do lugar onde a gente vive, é um país com memória. Nesse sentido, é necessário demais trazer à memória, trazer a força de um artista tão emblemático para a cultura brasileira", conclui.