Peter Brook, lenda do teatro britânico, morre aos 97 anos

Peter Brook, lenda do teatro britânico, morre aos 97 anos
Durante sua carreira no teatro, ele dirigiu atores como Laurence Olivier e Orson Welles e esteve à frente de instituições importantes como o Royal Opera House e Royal Shakespeare Theatre. Peter Brook

Lionel Bonaventure/AFP

A lenda do teatro britânico Peter Brook, um dos diretores mais influentes do século XX, morreu neste sábado (2) aos 97 anos, informaram à AFP neste domingo (3) pessoas próximas ao artista.

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O professor de teatro de origem britânica, que passou grande parte de sua carreira na França dirigindo o teatro parisiense Les Bouffes du Nord, reinventou a arte da direção teatral ao privilegiar formas sóbrias sobre os cenários tradicionais.

Nascido em Londres em 21 de março de 1925, este filho de imigrantes lituanos judeus assinou sua primeira produção aos 17 anos.

Durante sua carreira, liderou importantes instituições como o Royal Opera House de Covent Garden e o Royal Shakespeare Theatre, no Reino Unido, os franceses Les Bouffes du Nord e o Centro Internacional de Criações Teatrais (CICT).

Peter Brook

Patrik Kovarik/AFP

Artista com experiência em ópera, cinema e crítica teatral, Brook se estabeleceu em Paris em 1971.

Muitas vezes comparado a Stanislavski (1863-1938) que revolucionou a atuação, Peter Brook é o teórico do "espaço vazio", uma espécie de bíblia para o mundo do teatro, publicado pela primeira vez em 1968.

"Posso pegar qualquer espaço vazio e chamá-lo de palco. Alguém atravessa esse espaço vazio enquanto outro assiste, e isso é o suficiente para começar o ato teatral": essas famosas primeiras linhas se tornaram um "manifesto" para um teatro alternativo e experimental.

Sua obra mais conhecida é "O Mahabharata", um épico de nove horas da mitologia hindu, criado em 1985 e adaptado ao cinema em 1989.

No teatro dirigiu atores como Laurence Olivier e Orson Welles.

Depois de uma aventura de mais de 35 anos no Bouffes du Nord, Peter Brook deixou a direção do teatro em 2010, aos 85 anos, continuando a assinar produções.

"Toda a minha vida, a única coisa que sempre contou, e é por isso que trabalho no teatro, é o que vive diretamente no presente", disse à AFP na ocasião.

O carismático diretor sofreu um grande baque em 2015 com a morte de sua esposa, a atriz Natasha Parry. "Tentamos negociar com o destino dizendo: 'Traga ela de volta por apenas 30 segundos...'"

Em 2019, Peter Brook foi galardoado na Espanha com o Prêmio Princesa das Astúrias das Artes, na condição de "mestre de gerações".

"Considerado o melhor diretor teatral do século XX", Brook "abriu novos horizontes na dramaturgia contemporânea, ao contribuir decisivamente para a troca de conhecimentos entre culturas tão diferentes como as da Europa, África e Ásia", afirmou o júri ao fundamentar a sua decisão.

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