Bibi Ferreira e a vida luminosa de uma estrela centenária da canção teatral

Bibi Ferreira e a vida luminosa de uma estrela centenária da canção teatral
Festejados nesta quarta-feira, 1º de junho, os 100 anos da artista – eternizada na memória de quem a viu exercitar a magia do palco – motivam biografia e reestreia de musical biográfico. ? ANÁLISE – Bibi Ferreira faz hoje 100 anos. O verbo fazer é conjugado no presente porque artistas da magnitude da atriz e cantora carioca Abigail Izquierdo Ferreira (1º de junho de 1922 – 13 de fevereiro de 2019) transcendem o imperativo humano da mortalidade e pairam no ar, elevados e eternizados pela Arte.

Embora associada primordialmente ao teatro, a múltipla Bibi é uma estrela da canção que nunca se apagará, pelo menos enquanto houver quem traga na memória a emoção de ter visto a atriz e cantora soltar a voz em cena.

No palco, na magia dos instantes fugazes e paradoxalmente eternos, Bibi fez a canção extrapolar a ribalta. Tanto que a obra da artista inclui discografia com álbuns pioneiros como Minha querida lady (1964) – editado pela gravadora CBS com a trilha sonora da primeira montagem brasileira do musical My fair lady, estrelada em 1962 por Bibi com o ator Paulo Autran (1922 – 2007) – e Alô, Dolly (1966), disco com a trilha sonora do musical Hello, Dolly, também protagonizado no Brasil por Bibi em encenação que estreou em 1965.

Em cena, além de Eliza Doolittle e de Dolly, Bibi também foi Amália Rodrigues (1920 – 1999) e Edith Piaf (1915 – 1963) – estrelas das canções portuguesa e francesa, respectivamente – em espetáculos repletos de música, a ponto de a peça sobre Piaf, estreada em 1983, ter se desdobrado anos depois em show que percorreu o Brasil.

Bibi também imortalizou a trágica Joana na cena brasileira, dando voz e carne viva, na antológica Gota d'água (1975), à personagem escrita por Chico Buarque com o dramaturgo Paulo Pontes (1940 – 1976) a partir da matricial e mítica Medeia.

Uma nova biografia, a reestreia do espetáculo Bibi – Uma vida em musical (2018) na cena carioca e o batismo da Cidade das Artes – que passa a se chamar Bibi Ferreira a partir desta quarta-feira, 1º de junho de 2022 – ajudam a lembrar a passagem luminosa da estrela pelo planeta Terra.

São paliativos importantes, ainda que a memória da atriz e cantora em cena – que persistirá até quando existir um espectador que a tenha visto no palco – seja o único combustível capaz de efetivamente realimentar a magia espalhada por Bibi Ferreira, refletor que deu luz a sucessivas gerações teatrais.

Luz que está acesa hoje – dia em que a artista faz 100 anos – com a intensidade da gratidão a essa estrela da canção teatral por tudo que Abigail Izquierdo Ferreira fez quando se transmutava em Bibi.