Cesar Costa Filho, cantor e compositor projetado na década de 1970, deixa obra relevante ao morrer aos 78 anos

Cesar Costa Filho, cantor e compositor projetado na década de 1970, deixa obra relevante ao morrer aos 78 anos
Artista lega parcerias com Aldir Blanc e Paulo César Pinheiro gravadas por Elis Regina e Elizeth Cardoso. ? OBITUÁRIO – Quando Assucena decidiu partir em carreira solo após a dissolução do trio As Baías, a cantora aceitou a sugestão do DJ Zé Pedro para regravar Ela (1971), música pouco lembrada do repertório de Elis Regina (1945 – 1982).

Faixa-título do álbum lançado pela cantora em 1971, Ela é composição com letra de Aldir Blanc (1946 – 2020) e música de Cesar Costa Filho (9 de maio de 1944 – 19 de maio de 2022), cantor e compositor carioca que saiu de cena na quinta-feira passada, aos 78 anos, na cidade natal do Rio de Janeiro (RJ), duas semanas após ter feito complicada cirurgia no coração para a troca da válvula aórtica.

Revelado em 1968, ano em que Beth Carvalho (1946 – 2019) defendeu a música Meu tamborim (Cesar Costa Filho e Ronaldo Monteiro de Souza) em festival universitário, o compositor debutante aproveitou a era dos festivais para firmar parcerias e abrir caminho para a gravação de discos autorais.

Foi nesse período inicial que o artista teve a música De esquina em esquina (Cesar Costa Filho e Aldir Blanc, 1969) gravada pela então pouco conhecida Clara Nunes (1942 – 1983).

Contudo, Cesar Costa Filho ganhou real projeção ao longo dos anos 1970, década em que fundou e integrou o Movimento Artístico Universitário (M.A.U.) ao lado de Aldir Blanc e de Ivan Lins, além de ter iniciado a discografia autoral em 1970.

Foi também nos anos 1970 que o compositor criou temas para trilhas sonoras de novelas exibidas pela TV Globo, como Minha doce namorada (1971 / 1972) e O homem que deve morrer (1971 / 1972).

Cesar Costa Filho nunca deixou de compor, mas, por contingências da vida e do mercado fonográfico, a obra do cantor ficou concentrada nos anos 1970, década em que gravou os álbuns E os sambas viverão (1973), De silêncio em silêncio (1975), Bazar (1977), Cesar Costa Filho (1978) e Outro verão (1979).

Essa fase de maior visibilidade na mídia foi encerrada com a edição do álbum Nesse mundo em 1980. Na sequência, em 1981, Cesar foi eleito presidente da União Brasileira de Compositores (UBC), pondo em segundo plano a até então bem-sucedida carreira como cantor.

Uma das 12 parcerias do artista com Heitor Valente que compuseram o terceiro álbum de Cesar, Bazar, Consumatum est tocou bem nas rádios no embalo de ter sido incluída na trilha sonora da novela Locomotivas (1977).

Parceiro de Walter Queiroz, Mário Lago (1911 – 2002) e Paulo César Pinheiro, com quem fez músicas como Velho amor (1970) e Fraqueza (1974), gravadas por Elizeth Cardoso (1920 – 1990) e Claudette Soares, respectivamente, Cesar Costa Filho deixa obra expressiva ainda a ser redescoberta e valorizada pelo Brasil.