Rê Bordosa, Bob Cuspe, Os Skrotinhos...: os personagens criados pelo cartunista Angeli

Rê Bordosa, Bob Cuspe, Os Skrotinhos...: os personagens criados pelo cartunista Angeli
Autor anunciou o encerramento da carreira de cartunista depois de diagnóstico de afasia. Desde os anos 70, ele criou personagens que marcaram os quadrinhos nacionais. O cartunista Angeli anunciou nesta quarta-feira (20) que está encerrando a sua carreira como cartunista. A decisão veio depois do diagnóstico de afasia progressiva primária.

“Recebemos o diagnóstico [de afasia] há alguns anos. Essa é uma condição degenerativa e de um mês para cá, ficou um pouco mais pesada. Achamos que assim ele poderá trabalhar e produzir neste momento de vida mais tranquilamente”, diz Carolina Guayacuru. Segundo sua família, ele encerra a carreira como cartunista, mas não como artista.

Angeli publicou seu primeiro desenho aos 14 anos na extinta revista “Senhor” e a partir de 1973 passou a publicar as tirinhas diárias “Chiclete com Banana”, no jornal “Folha de S. Paulo”. Delas, saíram personagens marcantes, como Rê Bordosa, Bob Cuspe, Wood & Stock e os Skrotinhos. Confira mais sobre eles e outras figuras de Angeli:

Rê Bordosa

Rê Bordosa

Reprodução/Galeria Angeli

Alcoólatra, ninfomaníaca, com humor ácido e moral duvidosa, Rê Bordosa surgiu em 1984 e se tornou uma das personagens mais conhecidas dos quadrinhos nacionais. Rê contava episódios da sua vida caótica, com direito a ressacas intensas e amores fugazes.

Rê Bordosa

Reprodução/Itaú Cultural

Angeli decidiu matar a personagem em 1987. Rê Bordosa morreu de infecção por um vírus chamado tedius matrimonius, o tédio. E a morte foi rápida: ela simplesmente explodiu.

Os Skrotinhos

Os Skrotinhos

Reprodução/Itaú Cultural

Os irmãos gêmeos Skrotinhos, criados em 1987, e de óculos e camisas no estilo havaiana, eram baixinhos, desbocados e politicamente incorretos. Andavam pelas ruas e pelos bares fazendo piadas com quem encontrassem.

Os Skrotinhos

Reprodução/Itaú Cultural

A partir deles também surgiram “As Skrotinhas” e “The Little Black Scrots”, versão negra dos Skrotinhos, em que faziam piadas com brancos.

As Skrotinhas

Reprodução/Itaú Cultural

Bob Cuspe

Bob Cuspe

Reprodução/Galeria Angeli

Bob Cuspe é um punk da periferia, anarquista, que vive em seu próprio mundo e não economizava em cuspes nas pessoas. Vagava pelos esgotos e becos das cidades e ironizava a elite figuras que surgiam nos anos 80. Gostava de Sex Pistols, Ramones, The Clash e do bolo de fubá da avó.

Em 2021, o personagem virou animação em stop-motion. Em "Bob Cuspe - Nós não gostamos de gente”, Angeli está passando por uma crise criativa e decide matar seus personagens famosos. Bob está na reta. Ele aparece mais velho, ainda com jaqueta de couro e óculos escuros, e encara a ameaça da dominação do universo pop que quer acabar com o movimento punk.

Wood & Stock

Wood & Stock

Reprodução/Galeria Angeli

Dois hippies desorientados na sociedade ainda assim simpáticos, Wood & Stock estão nos anos 80, mas vivem como se fossem os anos 60.

Wood & Stock

Reprodução/Instagram/Galeria Angeli

Velhos, carecas, passam o dia ouvindo Janis Joplin, Beatles, Bob Dylan, e falam sobre sexo, drogas e rock"n"roll, enquanto fuma orégano. Em 2006, os personagens viraram animação com o filme “Wood & Stock: Sexo, óregano e rock"n"roll”.

Meia Oito

Meia Oito

Reprodução/Itaú Cultural

Esquerdista “de botequim”, Meia Oito era uma sátira de Angeli aos revolucionários dos anos 80 que falavam mais do que agiam. As tirinhas ainda apresentavam Nanico, homossexual enrustido, companheiro de Meia Oito. Em 2007, o personagem morreu ao ser atropelado por um caminhão da Coca-Cola.

Bibelô

Bibelô

Reprodução/Itaú Cultural

Bibelô era grosso, machista, fazia o tipo conquistador e inconveniente. Foi apelidado de “o último dos macho” e costumava desrespeitar e até agredir as mulheres. Com ironia, as tirinhas mostram o quanto as atitudes eram impróprias e causavam repulsa pelas mulheres.

Luke e Tantra

Luke & Tantra

Reprodução/Galeria Angeli

Adolescentes da classe média paulistana, Luke e Tantra vivem as transformações dos anos 90 e 2000, com os hormônios à flor da pele e a busca pelas suas identidades.

Luke & Tantra

Reprodução/Itaú Cultural

Enquanto Luke é mais intelectualizada, Tantra busca perder a virgindade e ambas estavam, de certa forma, fora dos padrões de beleza daquele tempo. As tirinhas foram publicadas entre 1987 e 2002.

Mara Tara

Mara Tara

Reprodução/Galeria Angeli

Uma cientista dedicada à profissão se empenhava em um estudo sobre o sexo entre as bactérias, até que foi infectada pelo vírus Ninfus Maniacus, que apaga sua consciência. Ela então se transforma em Mara Tara, de formas mais volumosas e ninfomaníaca. Enquanto está sem consciência, ela ataca os homens, munida de um chicote e meia-arrastão.