Bolsonaro, Putin e título eleitoral: as manifestações políticas no Lollapalooza 2022

Bolsonaro, Putin e título eleitoral: as manifestações políticas no Lollapalooza 2022
Coro contra o presidente brasileiro foi 'hit' do festival; após show de sexta, TSE aceitou pedido do PL para barrar manifestações eleitorais no show e muitos artistas não cumpriram a ordem no domingo (27). Bolsonaro, Putin e título eleitoral: as manifestações políticas no Lollapalooza 2022

O Lollapalooza 2022 foi marcado por manifestações políticas nos três dias de festival. Veja no vídeo acima.

Críticas ao presidente Jair Bolsonaro foram recorrentes no evento por parte do público e dos cantores, e muitos artistas brasileiros também falaram sobre o prazo de tirar o título de eleitor, especialmente para os jovens entre 16 e 17 anos.

Marina, a cantora galesa antes conhecida como Marina and the Diamonds, foi uma das primeiras a inserir o tom político no show na sexta-feira (25).

"F… Putin, f… Bolsonaro. Estamos cansados dessa energia. Vocês são a nova geração e as coisas vão mudar. Eu tenho orgulho de vocês serem meus fãs."

Fabrizio Moretti, do Strokes, colocou as cores da bandeira da Ucrânia no bumbo da bateria, mas o grupo não chegou a falar sobre a guerra no país. No final, o baterista, que é brasileiro, falou "fora Bolsonaro".

Pabllo Vittar se apresenta no Lollapalooza 2022

Marcelo Brandt/g1

Horas antes, Pabllo Vittar levantou uma bandeira do ex-presidente Lula que estava com alguém na plateia. A cantora e os bailarinos também fizeram um "L" com as mãos, em referência ao político.

A atitude gerou uma reação do ministro Raul Araújo, do Tribunal Superior Eleitoral, que acatou um pedido do PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, e determinou que o Lollapalooza vetasse manifestações eleitorais por parte dos músicos que se apresentassem no domingo (27).

O ministro estipulou multa de R$ 50 mil para o festival para cada vez que a determinação fosse desobedecida.

Na prática, a ordem do TSE só aumentou os ânimos tanto dos artistas quanto do público e fez com as manifestações políticas marcassem o último dia do festival.

Fresno chegou a mostrar a frase "Fora Bolsonaro" no telão durante o show, e Lulu Santos, convidado da banda, falou "censura nunca mais".

O rapper mineiro Djonga ao comandar o coro de "fogo nos racistas", verso de uma de suas músicas mais conhecidas, também repetiu alguns dos vários gritos contra o presidente Jair Bolsonaro que soltou durante o show.

"Dedo do meio pro alto, pensa em uma pessoa que vocês odeiam", pediu no início. "Não pode falar, não? Então, vamo falar, que eu gosto de desobedecer", provocou.

Djonga se apresenta no palco Adidas no terceiro dia do Lollapalooza 2022

Fábio Tito/g1

Marina Sena falou da importância de tirar o título de eleitor, especialmente para os jovens com menos de 18 anos. A cantora mineira e os bailarinos também fizeram um L com as mãos em referência ao ex-presidente.

Depois do coro contra o presidente no final do show, a cantora Gloria Groove comentou:

"Hoje à tarde antes de vir para cá eu me peguei pensando o seguinte: será que a gente voltou no tempo, será que é isso que está acontecendo, será que eles querem calar a gente? Censura em 2022 é o c***, fora Bolsonaro." Ela se virou mostrando o número 13 na camisa.

Show da Marina Sena no Lollapalooza, em São Paulo

Fábio Tito/g1

No sábado, Jão também pediu para os fãs mais novos tirarem o título. Quando a multidão que o assistia começou o coro de "Fora Bolsonaro", o cantor paulista disse: "Que música linda! Esse é o maior hit desse festival".

O festival terminou com um mini festival de rap, liderado por Planet Hemp, Emicida e convidados, que entrou no lugar do Foo Fighters. A banda não veio ao Brasil depois da morte de Taylor Hawkins. Ego Kill Talent também homenageou o baterista.

O tom político norteou a apresentação de quase três horas. Criolo usava uma camiseta com a urna eletrônico e um título de eleitor com a frase "Vote".

Emicida mostra camiseta de Criolo com um título de eleitor e a palavra 'vote' durante show de encerramento do palco principal do Lollapalooza 2022

Fábio Tito/g1

Emicida fez um discurso contundente sobre o presidente Bolsonaro e as eleições de 2022 tanto no show de sábado, quanto no de domingo.

Com Mano Brown, Rael Bivolt e Drik Barbosa no palco, Marcelo D2 e Djonga também desrespeitaram a decisão do ministro do TSE.

"O cara falou que a gente não pode falar de política, mas a gente pode homenagear o festival: 'olê, olê, olá, Lolla, Lolla'", ironizou D2. Ele repetiu o apelido do festival de uma forma que parecia que estava falando do ex-presidente Lula.