'Insurreição' petista atrasa acordo por chapa e atrapalha um jogo já bagunçado

'Insurreição' petista atrasa acordo por chapa e atrapalha um jogo já bagunçado
Jaques Wagner decidiu não ser mais candidato ao governo. Essa escolha pessoal se somou ao desejo do governador Rui Costa de ser senador. É um resumo simplista, mas fiel aos fatos dos últimos dias, que agora rendem uma disputa fraticida dentro do PT. Há um esforço de membros do partido em forçar que o partido reveja o posicionamento de apoiar a substituição de Wagner por Otto Alencar (PSD). Algo que racharia inteiramente a base aliada e fortaleceria unicamente o grupo adversário político. Os petistas vão pagar para ver?

Diferente de Wagner, Rui foi uma liderança centralizadora. Nos últimos 7 anos, não houve a emergência de nenhum nome do PT baiano que garantisse um mínimo de musculatura política para enfrentar uma campanha pelo governo do estado. Enquanto estava confortável para deputados federais e estaduais, ninguém reclamou da serpente que se formava. Agora, que ela pode mordê-los, cria-se uma mobilização em defesa das instâncias partidárias. O timing era outro, mas parece não ser importante entender o contexto, apenas garantir os próprios espaços.

Otto é um político experiente e não aceitaria ser boi de piranha. Aceitou a substituição desde que haja um consenso - ou ao menos uma unidade - em torno do projeto político do grupo. Porém colocá-lo como candidato a governador foi a solução possível, diante de um cenário sem qualquer liderança emergente. Entre um aventureiro ou uma aventureira com o pedigree petista, mas sem apelo nas urnas, e um aliado leal, com história e musculatura, o pragmatismo mostra que a segunda opção tem mais chances de sucesso do que o barulho que, por hora, começam a fazer os insatisfeitos.

Não há instâncias democráticas que forcem Wagner a ser candidato ao governo. Como também não há interesse das principais lideranças em expor ainda mais Otto, que tinha uma reeleição relativamente garantida para o Senado. Rui pode até ter sido inflexível para ser candidato a senador, mas apenas isso não geraria a guinada vista desde a última semana. É preciso uma convergência de interesses, citada pelo Bahia Notícias antes mesmo de haver um acordo definitivo para a chapa majoritária da situação (lembre aqui).

O direito a espernear é garantido a todos. Assim como é direito de Wagner querer não ser candidato, de Rui em ser senador e de Otto aceitar ser posto a prova numa corrida pelo governo da Bahia. Para além disso, é atrasar o acordo por um coreto que já está bagunçado. E nem foi preciso muito esforço. Bastou um caminho que obriga alguns caciques a saírem da zona de conforto.