Caso da gravação de Naiara Azevedo com Marília Mendonça mostra que herdeiros às vezes têm razão...

Caso da gravação de Naiara Azevedo com Marília Mendonça mostra que herdeiros às vezes têm razão...
? ANÁLISE – A indústria da música sempre explorou a saudade que o público sente dos ídolos que saíram de cena. É assim que a banda toca desde que o samba é samba.

Só que, se a partida foi prematura, como no caso da cantora e compositora Marília Mendonça (1995 – 2021), morte aos 26 anos, no auge da trajetória artística, é preciso cuidado redobrado para que homenagens imediatistas jamais se desviem do caminho da ética em nome da ambição comercial.

Herdeiros de artistas falecidos tendem a ser vistos como vilões na administração da obra de quem saiu de cena. Há de fato excessos, pois a ambição pode estar dos dois lados. Mas nem sempre é assim.

A polêmica envolvendo a ainda inédita gravação de música 50 por cento por Naiara Azevedo em dueto com Marília Mendonça – gravação feita em setembro de 2020 e prevista para ter sido lançada em janeiro de 2021, mas até então inédita – mostra que é preciso ter cautela e que, sim, os herdeiros às vezes podem ter razão quando vetam qualquer produto relacionado ao artista falecido.

Naiara Azevedo traçou a estratégia comercial perfeita para soltar faixas do álbum Baseado em fatos reais enquanto a cantora estivesse confinada na casa do Big Brother Brasil 2022, no ar desde a noite de ontem, 17 de janeiro, pela TV Globo e no Globoplay.

Essa estratégia incluía o lançamento do dueto com Marília em 50 por cento, música creditada à própria Naiara em parceria com Dener Ferrari, Rafael Quadros, Vinni Miranda e Waleria Leão. Só que Naiara e a equipe que gerencia a carreira da cantora paranaense começaram a veicular notícias sobre o dueto sem antes terem pedido autorização (mesmo informalmente) à família de Marília para lançar 50 por cento.

Irmão de Marília, o também cantor João Gustavo foi para as redes sociais protestar contra o que entende ser uma exploração do nome da irmã, com Naiara usando a mídia e a vitrine nacional do BBB para se promover às custas da dor sentida pelo Brasil com a prematura saída de Marília de cena. E a polêmica se instalou sem Naiara, confinada, ter ciência da confusão.

Por ora, nem a gravadora de Marília Mendonça – a Som Livre, com a qual Naiara já teve vínculo contratual, expirado em dezembro de 2020 – pode resolver a questão. Como acordado logo após a morte da rainha da sofrência, caberá sempre à família da cantora goiana a decisão de liberar – ou vetar – qualquer lançamento póstumo com o nome de Marília Mendonça.

Se a decisão for pela proibição do lançamento da gravação de 50 por cento, ninguém poderá culpar a família...