O pop chiclete de Netta: cantora israelense quer estourar de vez, após ganhar Eurovision

O pop chiclete de Netta: cantora israelense quer estourar de vez, após ganhar Eurovision
Ela tem vídeo com mais de 200 milhões de visualizações no YouTube e discurso contundente: 'Eu sou a figura que eu precisava quando eu tinha nove anos de idade'. A israelense Netta Barzilai usa metáforas pouco comuns para responder perguntas sobre a carreira. Por exemplo, como descrever o som para brasileiros que nunca ouviram falar em você?

"Então, você sabe um grape slushie?", pergunta ao g1 (veja no vídeo abaixo). "É um drinque gelado, que você bebe de uma máquina. Então, é isso. Então, você polvilha um pouco de chiclete em cima disso... e então você bebe e isso é a minha música."

Netta explica pop chiclete, após vencer Eurovision

Desde 2017, Netta faz um pop eletrônico com arranjos e clipes exagerados, como o de "Bassa Sababa", com mais de 200 milhões de visualizações no YouTube. Mas foi o Eurovision, festival europeu de canções, o responsável por revelar a cantora.

A vitória foi com "Toy", música inspirada pelo movimento #MeToo. "Mulher Maravilha você nunca deve esquecer / Você é divina e ele está prestes a se arrepender", canta ela. Quando recebeu a estatueta, agradeceu "por terem aceitado a diferença e apoiado a diversidade".

"Bem, imagine que você é apenas um garotinho e seu pai te pega e te coloca nos ombros, então você pode ver um show. Eu me senti como se o Eurovision me pegasse, me botasse nos ombros dele e todo mundo conseguiu me ver. Isso me mostrou para o mundo inteiro. Sou eternamente grata."

Netta Barzilay no clipe de 'Ricki Lake'

Reprodução

Desde o estouro com o Eurovision, ela costuma dizer que não é mais a Netta. Hoje, aos 28 anos, diz que é bem mais que isso.

"Eu sou a figura que eu precisava quando eu tinha nove anos de idade", resume a cantora. "Eu precisava me ver em alguém e eu via nas revistas só uma cor, um tipo pessoa, um tamanho de roupa, um tipo de beleza. Eu sei o quão conservador isso pode ser no mainstream."

Aos 19 anos, um episódio marcou a vida dela. "Fiquei presa para fora da minha casa, com uma regata, sem mangas. E minha mãe ficou tipo... 'Netta, você tem que se cobrir. Não está bonito isso. Use algo em cima disso'. E eu descobri que o problema dela com meu corpo não é um problema meu com meu corpo. Se eu amo meu corpo, talvez eu possa ensiná-la a amar também."

"Eventualmente, ela acabou amando", conclui, comovida. "Isso parou de incomodá-la. As pessoas se acostumam com essas coisas e eu acho que é importante tornar isso normal e não desistir. Eu sou sortuda de ter sido bem-educada e ter apoio, tive pais que me amam. Quero tentar ser um raio de luz para as pessoas que estão no escuro."

Da banda militar aos hits eletrônicos

Netta Barzilay no clipe de 'Ricki Lake'

Reprodução

Netta passou a ter um contato mais frequente com a música quando fez parte da Banda da Marinha de Israel, durante o ano em que cumpriu o serviço militar obrigatório. Depois, estudou produção de música eletrônica em uma faculdade de Tel Aviv.

Ela diz que ser de Israel afeta, claro, a música que canta. "Vivemos em um bairro muito difícil aqui em Israel. Israel é um 'bairro' muito difícil, na verdade, o país todo", corrige-se.

"Então, aproveitamos todas as oportunidades que temos para nos divertir e não gostamos de levar as coisas muito a sério. A base da música que eu faço tem um BPM [batidas por minuto] bem alto e eu acho bem parecido com as pessoas do Brasil. Vocês não aceitam qualquer merda, do mesmo jeito que a gente faz. É tudo autêntico, cool e tem uma vibe legal."

Um dos singles mais recentes, "CEO", une essa pegada "autêntica" e acelerada com um conceito criado a partir do começo do número de telefone dela.

"Liguei para meu produtor falando 978-978-9. E eu acho que nada é por acaso. Eu comecei a pesquisar o que isso quer dizer. Então vi que esse número quer dizer controle e liderança."

VÍDEOS: QUANDO EU HITEI